Criar um Site Grátis Fantástico

Rating: 2.7/5 (1147 votos)




ONLINE
1





Partilhe esta Página


Cristo – O Apóstolo Excelente
Cristo – O Apóstolo Excelente

Cristo – O Apóstolo Excelente

Embora exista apenas uma referência explícita a Jesus como um apóstolo (Hb 3:1), as referências implícitas ao fato dele ter sido “enviado” pelo Pai são encontradas em todo o Novo Testamento. Em nenhum lugar isso é mais pronunciado do que no Evangelho de João, onde o ministério inteiro de Cristo é qualificado pelo termo apostello (“enviar”). Como o Pai enviou seu Filho ao mundo (3:17, 34; 5:36-38; 6:29, 57; 10:36, 17:03, 8, 18, 21, 23; 20:21), Jesus por sua vez, “envia” Seus discípulos (4:38; 17:18) para prosseguir e alargar a sua missão. Assim, todo o apostolado encontra seu sentido em Jesus, o apóstolo, enviado por Deus para ser o Salvador do mundo (1 Jo 4:14).

Mais estudos bíblicos relacionados ao apostolado:

Cf. O Apóstolo Paulo era contra as Mulheres?
Cf. Pregação Apostólica
Cf. A Escolha dos Doze Apóstolos

Fonte: Baker's Evangelical Dictionary of Biblical Theology. Editado por Walter A. Elwell.

SEGUNDA-FEIRA, 1 DE FEVEREIRO DE 2010

 

Depois de cerca de dois anos de intensa pregação, diminuirá Jesus agora o ritmo e folgará? Muito pelo contrário, ele amplia sua atividade de pregação fazendo mais uma viagem, a terceira na Galiléia. Visita todas as cidades e aldeias no território, ensinando nas sinagogas e pregando as boas novas do Reino. O que ele observa nesta viagem convence-o mais do que nunca da necessidade de intensificar a obra de pregação.

Aonde quer que vá, Jesus vê as multidões necessitando cura e consolo espirituais. São como ovelhas sem pastor, esfoladas e empurradas, e ele sente pena delas. Diz aos seus discípulos: “Sim, a colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, rogai ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para a sua colheita.”

Jesus tem um plano de ação. Ele convoca os 12 apóstolos, a quem escolheu quase um ano antes. Divide-os em pares, formando seis grupos de pregadores, e dá-lhes instruções. Ele explica: “Não vos desvieis para a estrada das nações, e não entreis em cidade samaritana; mas, ide antes continuamente às ovelhas perdidas da casa de Israel. Ao irdes, pregai, dizendo: ‘O reino dos céus se tem aproximado.’”

Este Reino, que estão prestes a pregar, é o mesmo pelo qual Jesus os ensinou a orar na oração-modelo. O Reino se aproximou, no sentido de que o Rei designado por Deus, Jesus Cristo, está presente. Para credenciar seus discípulos como representantes desse governo sobre-humano, Jesus dá-lhes poder para curar doentes e até mesmo para ressuscitar mortos. Instrui-os a realizar gratuitamente esses serviços.

A seguir, ele diz aos seus discípulos que não façam preparativos materiais para a viagem de pregação. “Não adquirais nem ouro, nem prata, nem cobre, para os bolsos dos vossos cintos, nem alforje para a viagem, nem duas peças de roupa interior, nem sandálias, nem bastão; pois o trabalhador merece o seu alimento.” Aqueles que apreciarem a mensagem reagirão favoravelmente e contribuirão com alimento e hospedagem. Conforme Jesus diz: “Em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai nela quem é merecedor, e ficai ali até partirdes.”

Jesus dá então instruções sobre como dirigir-se aos moradores com a mensagem do Reino. “Ao entrardes na casa”, instrui ele, “cumprimentai a família; e, se a casa for merecedora, venha sobre ela a paz que lhe desejais; mas, se ela não for merecedora, volte a vós a vossa paz. Onde quer que alguém não vos acolher ou não escutar as vossas palavras, ao sairdes daquela casa ou daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés”.

Jesus revela que o julgamento da cidade que rejeitar a mensagem deles será realmente severo. Ele explica: “Deveras eu vos digo: No Dia do Juízo será mais suportável para a terra de Sodoma e Gomorra do que para essa cidade.” 
Mateus 9:35-10:15; Marcos 6:6-12; Lucas 9:1-5.


Obg: Essa matério faz parte do nosso estudo sobre os Evangelho em Ordem Cronológica. Veja essa seção para acompanhar na sequência

A Pregação Apóstolica

Apesar de todas as riquezas e da individualidade do pensamento do apóstolo Paulo, apesar de toda a sua insistência sobre o fato que recebera a verdade por direta revelação divina, o âmago central de sua pregação corresponde exatamente aos discursos dos primeiros capítulos do livro de Atos. Conforme os profetas predisseram, Jesus de Nazaré, da descendência de Davi, foi enviado por Deus. Foi crucificado pelos judeus por autoridade de Pôncio Pilatos, e morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras. Mas ressuscitou dentre os mortos ao terceiro dia, e acha-se exaltado à mão direita de Deus, de onde retornará para julgar a humanidade e inaugurar seu Reino Visível. A todos quantos se arrependam e confiem, é prometida a remissão de pecados, o dom do Espírito Santo e a vida eterna. Esses são os fatos do Evangelho, o Evangelho pregado por todos os apóstolos, que logo haveria de tomar forma de confissão no Credo dos Apóstolos.

 

Apóstolo João


 O apóstolo João era filho de Zebedeu e Salomé (veja Mt 27:55, 56; Mr 15:40), e irmão do apóstolo Tiago — provavelmente o irmão mais moço de Tiago, visto que Tiago geralmente é mencionado primeiro quando os dois são citados. (Mt 10:2; Mr 3:14, 16, 17; Lu 6:14; 8:51; 9:28; At 1:13) Zebedeu casou-se com Salomé, da casa de Davi, possivelmente uma irmã carnal de Maria, mãe de Jesus.

I. Formação. 

A família de João parecia gozar de uma situação relativamente boa. Seu pai, Zebedeu, empregava homens no seu negócio de pesca, em que era sócio de Simão. (Mr 1:19, 20; Lu 5:9, 10) A esposa de Zebedeu, Salomé, achava-se entre as mulheres que acompanhavam e ministravam a Jesus, quando ele estava na Galiléia (veja Mt 27:55, 56; Mr 15:40, 41), e ela tomou parte em trazer aromas, a fim de preparar o corpo de Jesus para o enterro. (Mr 16:1) João, evidentemente, tinha sua própria casa. — Jo 19:26, 27.

Zebedeu e Salomé eram hebreus fiéis, e a evidência mostra que criaram João no ensino das Escrituras. Entende-se geralmente que ele tenha sido o discípulo de João, o Batizador, que estava com André quando João lhes anunciou: “Eis o Cordeiro de Deus!” Sua pronta aceitação de Jesus como o Cristo revela que tinha conhecimento das Escrituras Hebraicas. (Jo 1:35, 36, 40-42) Embora nunca se declare que Zebedeu se tornou discípulo, quer de João, o Batizador, quer de Cristo, parece que ele não fez nenhuma objeção a que seus dois filhos se tornassem pregadores de tempo integral com Jesus.

Quando João, junto com Pedro, foi conduzido perante os governantes judeus, eles foram considerados “indoutos e comuns”. Isto não significava, porém, que não tivessem nenhuma instrução, nem que não soubessem ler e escrever, mas significava que não tinham recebido sua formação nas escolas rabínicas. Declara-se, ao invés, que “começaram a reconhecer a respeito deles que costumavam estar com Jesus”. — At 4:13.

II. Torna-se Discípulo de Cristo. 

Depois de ser apresentado a Jesus, o Cristo, no outono de 29 EC, João, sem dúvida, seguiu Jesus à Galiléia e foi testemunha ocular do primeiro milagre dele em Caná. (Jo 2:1-11) Talvez acompanhasse Jesus da Galiléia até Jerusalém, e, de novo, no seu retorno à Galiléia através de Samaria; pois a qualidade vívida do seu relato parece marcá-lo como testemunha ocular dos eventos descritos. No entanto, o registro não declara isto. (Jo 2-5) Sem embargo, João só abandonou seu negócio de pesca algum tempo depois de ter conhecido Jesus. No ano seguinte, quando Jesus andava à beira do mar da Galiléia, Tiago e João estavam no barco com seu pai, Zebedeu, consertando suas redes. Ele os convocou para a obra de tempo integral de “pescadores de homens”, e o relato de Lucas nos informa: “Trouxeram assim os barcos de volta à terra, abandonaram tudo e o seguiram.” (Mt 4:18-22; Lu 5:10, 11; Mr 1:19, 20) Mais tarde, foram escolhidos para ser apóstolos do Senhor Jesus Cristo. — Mt 10:2-4.

João era um dos três mais intimamente associados com Jesus. Pedro, Tiago e João foram levados ao monte da transfiguração. (Mt 17:1, 2; Mr 9:2; Lu 9:28, 29) Somente eles, dentre os apóstolos, tiveram permissão de entrar com Jesus na casa de Jairo. (Mr 5:37; Lu 8:51) Tiveram o privilégio de serem levados mais adiante do que os outros, no jardim de Getsêmani, na noite em que foi traído, embora, na ocasião, até mesmo eles não compreendessem o pleno significado do momento, adormecendo três vezes e sendo despertados por Jesus. (Mt 26:37, 40-45; Mr 14:33, 37-41) João ocupava a posição junto a Jesus na última Páscoa deste e na instituição da Refeição Noturna do Senhor. (Jo 13:23) Foi o discípulo que, por ocasião da morte de Jesus, recebeu a honra insigne de lhe ser confiada a mãe de Jesus, para que cuidasse dela. — Jo 21:7, 20; 19:26, 27.

II. Identificação de João no Seu Evangelho. 

No Evangelho de João, ele jamais se refere a si mesmo nominalmente. Ele é mencionado, ou como um dos filhos de Zebedeu, ou como o discípulo a quem Jesus amava. Quando fala de João, o Batizador, diferente dos outros escritores dos Evangelhos, ele chama o Batizador apenas de “João”. Isto seria mais natural de ser feito por alguém do mesmo nome, visto que ninguém entenderia errado de quem estava falando. Outros teriam de usar um sobrenome ou título, ou outros termos descritivos, para identificar de quem estavam falando, como o próprio João faz quando fala de uma das Marias. — Jo 11:1, 2; 19:25; 20:1.

Encarar o escrito de João sob tal prisma torna evidente que ele mesmo era o companheiro, cujo nome não é mencionado, de André, a quem João, o Batizador, apresentou Jesus Cristo. (Jo 1:35-40) Depois da ressurreição de Jesus, João ultrapassou Pedro ao correrem para o túmulo, a fim de investigar o relato de que Jesus tinha ressuscitado. (Jo 20:2-8) Teve o privilégio de ver o ressuscitado Jesus naquela mesma noite (Jo 20:19; Lu 24:36), e, de novo, na semana seguinte. (Jo 20:26) Era um dos sete que retornaram à pesca, e aos quais Jesus apareceu. (Jo 21:1-14) João também estava presente no monte da Galiléia, depois que Jesus ressuscitou dentre os mortos, e ouviu pessoalmente a ordem: “Fazei discípulos de pessoas de todas as nações.” — Mt 28:16-20.

III. História Posterior de João. 

Depois da ascensão de Jesus, João estava em Jerusalém, na assembléia de cerca de 120 discípulos, quando Matias foi escolhido por sortes e contado com os outros 11 apóstolos. (At 1:12-26) Estava presente ao derramamento do espírito no dia de Pentecostes, e viu 3.000 pessoas serem acrescentadas à congregação naquele dia. (At 2:1-13, 41) Ele, junto com Pedro, declararam perante os governantes judeus o princípio seguido pela congregação do povo de Deus: “Se é justo, à vista de Deus, escutar antes a vós do que a Deus, julgai-o vós mesmos. Mas, quanto a nós, não podemos parar de falar das coisas que vimos e ouvimos.” (At 4:19, 20) De novo, juntou-se aos demais apóstolos em dizer ao Sinédrio: “Temos de obedecer a Deus como governante antes que aos homens.” — At 5:27-32.

Depois da morte de Estêvão às mãos de judeus enfurecidos, surgiu grande perseguição contra a congregação em Jerusalém, e os discípulos foram espalhados. Mas João, junto com os demais apóstolos, permaneceu em Jerusalém. Quando a pregação de Filipe, o evangelista, induziu muitos em Samaria a aceitar a palavra de Deus, o corpo governante enviou Pedro e João para auxiliar esses novos discípulos a receber o espírito santo. (At 8:1-5, 14-17) Paulo disse mais tarde que João era um daqueles, em Jerusalém, “que pareciam ser colunas” da congregação. João, como membro do corpo governante, deu a Paulo e Barnabé a “mão direita da parceria”, ao serem enviados na sua missão de pregar às nações (aos gentios). (Gál 2:9) Por volta de 49 EC, João estava presente à conferência do corpo governante quanto à questão da circuncisão para os conversos gentios. — At 15:5, 6, 28, 29.

Enquanto Jesus Cristo ainda estava na terra, ele indicara que João sobreviveria aos demais apóstolos. (Jo 21:20-22) João deveras serviu fielmente a Jeová por uns 70 anos. Perto do fim da sua vida, João ficou exilado na ilha de Patmos, onde veio a estar “por ter falado a respeito de Deus e ter dado testemunho de Jesus”. (Re 1:9) Isto prova que ele estava intensamente ativo na pregação das boas novas, mesmo numa idade bem avançada (por volta de 96 EC).

Enquanto em Patmos, João foi favorecido com a maravilhosa visão de Apocalipse, que fielmente assentou por escrito. (Ap 1:1, 2) Crê-se, em geral, que foi exilado pelo imperador Domiciano, e que foi liberto pelo sucessor de Domiciano, o imperador Nerva (96-98 EC). Segundo a tradição, ele foi para Éfeso, onde escreveu seu Evangelho e suas três cartas, intituladas Primeira, Segunda e Terceira de João, por volta de 98 EC. Tradicionalmente, crê-se que morreu em Éfeso, por volta de 100 EC, durante o reinado do imperador Trajano.

IV. Personalidade. 

Os peritos concluem, em geral, que João era uma pessoa passiva, sentimental e introspectiva. Conforme expressou certo comentador: “João, com sua mente contemplativa, imponente, ideal, percorreu a vida como um anjo.” (Commentary on the Holy Scriptures[Comentário Sobre as Escrituras Sagradas], de Lange, traduzido para o inglês e editado por P. Schaff, 1976, Vol. 9, p. 6) Tais pessoas baseiam sua avaliação da personalidade de João em ele falar muito sobre o amor, e porque não parece tão destacado nos Atos dos Apóstolos como Pedro e Paulo. Também, observam que ele parece ter deixado Pedro assumir a dianteira em falar, quando juntos.

É verdade que, quando Pedro e João estavam juntos, Pedro é sempre destacado como o porta-voz. Mas os relatos não dizem que João ficava calado. Antes, quando estiveram perante os governantes e os anciãos, tanto Pedro como João falaram com destemor. (At 4:13, 19) Semelhantemente, João falou perante o Sinédrio de modo intrépido, assim como os demais apóstolos, embora Pedro seja especificamente mencionado por nome. (At 5:29) E, quanto a ser um tipo enérgico, ativo, não ultrapassou ele ansiosamente a Pedro na corrida para chegarem ao túmulo de Jesus? — Jo 20:2-8.

No começo do ministério deles como apóstolos, Jesus deu o sobrenome de Boanerges (que significa “Filhos do Trovão”) a João e a seu irmão Tiago. (Mr 3:17) Este título, por certo, não indica nenhum sentimentalismo indulgente, nem falta de vigor, mas, antes, personalidade dinâmica. Quando uma aldeia samaritana recusou-se a receber Jesus, estes “Filhos do Trovão” estavam prontos para invocar fogo do céu para aniquilar os habitantes dela. Anteriormente, João tentara impedir que certo homem expulsasse demônios em nome de Jesus. Em cada caso, Jesus deu repreensão e correção. — Lu 9:49-56.

Os dois irmãos, nessas ocasiões, mostraram entendimento errado, e, em grande medida, faltava-lhes o equilíbrio, e o espírito amoroso e misericordioso que mais tarde desenvolveram. Todavia, nessas duas ocasiões, esses irmãos manifestaram um espírito de lealdade e uma personalidade decidida, vigorosa, a qual, uma vez canalizada na direção certa, os tornou testemunhas fortes, enérgicas e fiéis. Tiago sofreu a morte de mártir às mãos de Herodes Agripa I (At 12:1, 2), e João perseverou como coluna, “na tribulação, e no reino, e na perseverança em companhia de Jesus”, como o último apóstolo vivo. — Re 1:9.

Quando Tiago e João, pelo que parece, conseguiram que sua mãe solicitasse que eles se sentassem junto a Cristo no Reino dele, demonstraram um espírito ambicioso, que deixou indignados os demais apóstolos. Mas isto deu a Jesus uma excelente oportunidade para explicar que o grande entre eles seria aquele que servisse a outros. Daí, apontou que mesmo Ele veio para ministrar e dar sua vida como resgate por muitos. (Mt 20:20-28; Mr 10:35-45) Não importa quão egoísta fosse o desejo deles, o incidente revela sua fé na realidade do Reino.

Por certo, se a personalidade de João tivesse sido conforme retratada pelos comentadores religiosos — fraca, pouco prática, sem energia, introvertida — Jesus Cristo provavelmente não o teria usado para escrever o estimulante e vigoroso livro de Revelação, em que Cristo repetidas vezes incentiva os cristãos a serem vencedores do mundo, fala das boas novas a serem pregadas em todo o mundo e proclama os julgamentos trovejantes de Deus.

É verdade que João fala do amor mais do que os outros escritores dos Evangelhos. Isto não evidencia nenhum sentimentalismo indulgente. Pelo contrário, o amor é uma qualidade forte. A inteira Lei e os Profetas baseavam-se no amor. (Mt 22:36-40) “O amor nunca falha.” (1Co 13:8) O amor “é o perfeito vínculo de união”. (Col 3:14) O amor da espécie que João advoga se apega aos princípios e é capaz de forte repreensão, correção e disciplina, bem como de bondade e misericórdia.

Onde quer que ele apareça nos três relatos evangélicos sinópticos, bem como em todos os seus próprios escritos, João sempre manifesta o mesmo forte amor e lealdade para com Jesus Cristo e seu Pai. A lealdade, bem como o ódio ao que é mau, são manifestos nas observações dele sobre as más motivações ou características nas ações de outros. Somente ele nos conta que foi Judas quem resmungou contra o uso, por Maria, de um óleo caro para ungir os pés de Jesus, e que a razão da queixa de Judas era que ele cuidava da caixa de dinheiro e era ladrão. (Jo 12:4-6) Ele indica que Nicodemos veio a Jesus ‘de noite’. (Jo 3:2) Observa a grave falha de José de Arimatéia, de ser “discípulo de Jesus, mas em secreto, por temor dos judeus”. (Jo 19:38) João não admitia que alguém professasse ser discípulo de seu Mestre e, ainda assim, se envergonhasse disso.

João já tinha desenvolvido os frutos do espírito em um grau muito maior quando escreveu seu Evangelho e suas cartas, do que quando era um jovem recém-associado com Jesus. Certamente não demonstrava a mesma característica manifestada quando havia solicitado um lugar especial no Reino. E, nos seus escritos, podemos encontrar a expressão da sua madureza e de seus bons conselhos para nos ajudar a imitar seu proceder fiel, leal e enérgico. 

Era Paulo um dos 12 Apóstolos?

Embora tivesse forte convicção e provas de seu próprio apostolado, Paulo jamais se incluiu entre “os doze”. Antes de Pentecostes, a assembléia cristã procurara, em resultado da exortação bíblica de Pedro, um substituto para o infiel Judas Iscariotes. Dois discípulos foram escolhidos como candidatos, talvez pelo voto dos membros varões da assembléia (tendo Pedro falado aos “homens, irmãos”; At 1:16). Daí, oraram a Deus (compare At 1:24 com 1Sa 16:7; At 15:7, 8) para que Ele indicasse qual dos dois escolhera para substituir o apóstolo infiel. Depois da oração, lançaram sortes e “a sorte caiu em Matias”. — At 1:15-26; compare isso com Pr 16:33.

Não existe nenhum motivo para se duvidar de que Matias foi o escolhido por Deus. Na verdade, uma vez convertido, Paulo se destacou bastante, e suas labutas ultrapassaram as de todos os demais apóstolos. (1Co 15:9, 10) Todavia, nada há que indique que Paulo fosse pessoalmente predestinado a um apostolado de modo que Deus, com efeito, se refreasse de atender a oração da assembléia cristã, deixasse aberta a vaga de Judas até a conversão de Paulo e, assim, tornasse a designação de Matias apenas uma ação arbitrária da assembléia cristã. Ao contrário, há evidência sólida de que Matias foi uma substituição divinamente efetuada.

Em Pentecostes, o derramamento do Espírito Santo deu aos apóstolos poderes ímpares; são os únicos de quem se fala que podiam pôr as mãos sobre recém-batizados e conferir-lhes miraculosos dons do espírito. Se Matias na verdade não fosse o escolhido de Deus, sua incapacidade de fazer isto teria sido evidente a todos. O registro mostra que não foi este o caso. Lucas, o escritor de Atos, foi companheiro de viagem e associado de Paulo em certas missões, e o livro de Atos, portanto, sem dúvida reflete e coincide com o próprio conceito de Paulo sobre os assuntos. Este livro indica que “os doze” designaram os sete homens que deviam cuidar da questão da distribuição de alimentos. Isto ocorreu depois de Pentecostes de 33 EC, mas antes da conversão de Paulo. Assim, Matias é aqui reconhecido como um dos “doze”, e ele participou com os demais apóstolos em pôr as mãos sobre os sete designados. — At 6:1-6.

O nome de quem aparece, então, entre os que estão sobre as “doze pedras de alicerce” da Nova Jerusalém, da visão de João — o de Matias ou o de Paulo? (Re 21:2, 14) Uma linha de raciocínio pareceria indicar que o mais provável é o de Paulo. Ele contribuiu muito para a congregação cristã por meio do seu ministério e especialmente por escrever grande parte do N.T (14 cartas sendo atribuídas a ele). Neste respeito, Paulo ‘ofuscou’ Matias, sobre quem não se faz mais nenhuma menção direta depois de Atos, capítulo 1.

Mas uma consideração ponderada deixa evidente que Paulo também ‘ofuscou’ muitos dos 12 apóstolos originais, alguns dos quais raramente são mencionados fora das listas apostólicas. Na época da conversão de Paulo, a congregação cristã, isto é, o Israel espiritual, já havia sido estabelecida, ou fundada, e crescia já por talvez um ano ou até mais. Além disso, a primeira carta canônica de Paulo evidentemente só foi escrita por volta de 50 EC, ou até 17 anos depois da fundação da nova nação do Israel espiritual, em Pentecostes de 33 EC. Assim, estes fatos, além da evidência já apresentada neste artigo, esclarecem o assunto. Parece razoável, portanto, que a escolha original de Deus, a saber, Matias, como aquele que havia de substituir Judas entre “os doze apóstolos do Cordeiro”, tenha permanecido firme e inalterada pelo posterior apostolado de Paulo.

Qual era, então, o propósito do apostolado de Paulo? O próprio Jesus disse que visava um propósito específico — não em substituição a Judas — mas que Paulo servisse como ‘apóstolo [enviado] para as nações’ (At 9:4-6, 15), e Paulo reconhecia que este era o propósito de seu apostolado. (Gál 1:15, 16; 2:7, 8; Ro 1:5; 1Ti 2:7) Sendo assim, seu apostolado não era necessário para servir de alicerce quando o Israel espiritual foi estabelecido em Pentecostes de 33 EC.