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Cristologia e soteriologia
Cristologia e soteriologia

STBRS - Cristologia e Soteriologia Pr. Chrístopher B. Harbin

Doc: Cristologia e Soteriologia.doc Impresso: 2002-08-14 página 1 de 20

Cristologia e Soteriologia

Seminário Teológico Batista do Rio Grande do Sul

Teologia Sistemática 4

Panorama Geral:

Procura-se neste documento expor o leitor a um resumo de pesquisas referente ao estudo das

passagens bíblicas fundamentais na temática de cristologia e soteriologia, bem como um

tratamento teológico sistemático dos conceitos pertinentes. O aluno utilizará três livros textos e a

apostila, bem como leituras à parte em regime de pesquisa individual.

Na apostila, estes livros textos serão assinalados por BAILLIE, BARTH, ÉRICKSON,

GEORGE, e GRUDEM, respectivamente. Os livros textos serão os seguintes:

BAILLIE, Donald M. Deus Estava em Cristo. Traduzido por Jaci Correia Maraschin. São Paulo: ASTE, 1964. (Original em

inglês, 1955). (páginas 179-239).

BARTH, Gerhard. "Ele Morreu por Nós": A Compreensão da Morte de Jesus Cristo no Novo Testamento. Traduzido por Nélio

Schneider. São Leopoldo: Editora Sinodal, 1997. (Original em Alemão, 1992). (páginas 14-165).

ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. traduzido por Lucy Yamakami. São Paulo: Vida Nova, 1997.

(Original em inglês, 1992). (páginas 275-340, 369-433).

GEORGE, Timothy. Teologia dos Reformadores. Traduzido por Gérson Dudus e Valéria Fontana. São Paulo: Edições Vida

Nova, 1994. (Original em inglês, 1988). (páginas 215-222, 264-271, 286-287, 307-311).

GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. Traduzido por Norio Yamakami, Lucy Yamakami, Luiz A. T. Sayão, e Eduardo

Perreira e Ferreira. São Paulo: Edições Vida Nova, 1999. (Original em inglês, 1994). (páginas 435-529).

O aluno apresentará uma avaliação crítica para cada um dos textos indicados supra, seguindo as

instruções do formulário a ser entregue pelo professor. Nesta avaliação, far-se-á um diálogo com

cada autor em consideração dos posicionamentos oferecidos e a sua correlação com a

apresentação dos próprios texto bíblicos.

Pressupostos Teológicos:

Segue uma lista parcial dos pressupostos interpretativos do autor desta obra. É essencial em todo

esforço interpretativo bíblico estabelecer o ponto de partida do intérprete. Estes pressupostos

informarão o processo deste estudo e os seus resultados finais:

♦ O autor pressupõe que o enfoque bíblico é por natureza teológico e deve ser lido dentro deste

enfoque.

♦ O texto bíblico é a fonte de autoridade para fé e prática (princípio essencial dos batistas).

♦ Um texto deve ser lido dentro do seu próprio contexto, procurando sua mensagem contextual.1

1 Veja KAISER, TaET., 133, 140, 187, 199.

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♦ Somente depois de tratar o que um dado texto diz por si mesmo, deveria-se comparar sua

mensagem com a de outro texto.

♦ Um texto difícil não deve receber o peso teológico dado a um texto claro.

♦ A interpretação exata de todo texto bíblico não ficará clara, mesmo com muito estudo

detalhado.

♦ O uso de comentários, dicionários, e outros livros é de ajuda no estudo de uma passagem,

porém deve sempre tomar lugar secundário ao estudo do texto bíblico por si mesmo.2

♦ O tipo literário de uma passagem implica na sua interpretação apropriada.

♦ Quando se encontra com um texto que aparentemente não apóia um conceito teológico, o texto

está sendo mal-interpretado, ou o conceito teológico deve ser reformulado até que esteja

conforme com a mensagem bíblica.

♦ A teologia é um estudo sempre em andamento, pois o homem é finito e não chega a um ponto

de compreender plenamente o infinito.

♦ Não se deve separar teologia do conceito de revelação, pois é somente pela auto-revelação de

Deus que se pode conhecer a Deus.

♦ É importante lembrar que as traduções atuais da Bíblia estão, em geral, baseados em tradições

de traduções primitivas de homens bem intencionados, mas que estavam apenas começando a

estudar a Bíblia e portanto deve-se sempre que possível recorrer às línguas originais.

♦ Não se deve forçar um conceito neotestamentário sobre um texto qualquer que não apresenta o

mesmo ensino.

♦ O pano de fundo veterotestamentário deve ser visto como integral à compreensão do Novo

Testamento, secundário em importância apenas às modificações colocadas por Jesus.

♦ Não se deve forçar um texto bíblico dentro de um molde teológico.3

♦ O texto bíblico apresenta a Deus através do que Deus faz muito mais do que em termos de

descrições abstratas e proposicionais.

♦ A fé exige aceitar um compromisso com Deus, mesmo quando não se conhece plenamente

todo aspecto das exigências do compromisso, nem de antemão as respostas aos

questionamentos teológicos.

♦ As perguntas essenciais a serem feitas ao texto bíblico são "Quem é Deus?", "Quem sou eu?"

e "O que Deus quer comigo?".

Cristologia, Definição e Delimitação do Estudo:

Cristologia refere-se ao estudo referente a Jesus Cristo-sua pessoa e sua obra. Tratar-se-á as

temáticas da teologia sistemática bem como passagens bíblicas essenciais referentes à temática,

bem como o dilema do porquê da morte de Jesus na cruz.

Soteriologia, Definição e Delimitação do Estudo:

Soteriologia refere-se ao estudo referente à salvação. Tratar-se-á passagens bíblicas essenciais

referentes à temática, bem como os termos bíblicos principais relacionados e empregados em

tratamento da questão.

2 Veja SILVA, 171.

3 "A teologia não deve reformular a Escritura, porém a exegese da Escritura sim deve reformular a teologia" (NEUSNER, xii).

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Textos Básicos:

Esta disciplina estudará conceitos essenciais de Cristologia e Soteriologia, bem como textos

básicos do mesmo. Em especial, far-se-á um estudo do evangelho de João, Gênesis 2-4,

12-15, 22, Êxodo 12, Romanos 3-10, 1ª João, Apocalipse 1-5, 21, Filipenses 2-3 e

alguns outros textos avulsos.

Anotações Introdutórias:

Expectativa messiânica-João Batista não compreendia como seria o messías (Mateus 11.1-6 e

Lucas 7.18-23) e nem mesmo os discípulos de Jesus, o que fica claro com a fuga deles no

momento de sua morte4.

Um profeta era aquele que falava por Deus-portavoz5. Jesus atuava conforme o conceito de um

"profeta verdadeiro, desafiando as injustiças de estruturas de poder política e religiosa"6.

Os essênios esperavam um messias filho de Aarão e outro filho de Davi. Dois conceitos de

Messias em competição-nacional versus universal7.

O Antigo Testamento utiliza o substantivo "messias" 39 vezes, mas nunca em referência direta ao

messias vindouro!

29x refere-se ao rei de Judá ou Israel (1Sam 2.10,35; 12.3,5; 16.6; 24.6a,6b,10; 26.9,11,16,23; 2Sam 1.14,16; 19.21;

22.51; 23.1; 1Cr 6.42; Ps 2.2; 18.50; 20.6; 28.8; 84.9; 89.38,51; 132.10,17; Lam 4.20; Hab 3.13)

1x refere-se ao rei da Pérsia (Is. 45.1)

7x refere-se ao sumo sacerdote (Lev 4.3,5,16; 6.20,22; 16.32; Dan 9.25-26)

2x refere-se aos patriarcas como profetas (1Cr 16.22, Sal 105.15)

"Se as pessoas do Antigo Testamento pudessem ter completamente compreendido a natureza total

de Deus, a vida e o ministério de Jesus teriam sido em vão"8. Logo foi necessário a encarnação

em parte para completar a revelação de Deus no Antigo Testamento. O básico do evangelho está

presente no Antigo Testamento, mas Jesus teve que clarificar essa mesma mensagem, pois não

estava sendo apreciado. Em Lucas 24, Jesus fala com os dois discípulos no caminho de Emaus

para explicar como o Antigo Testamento ensinava sobre ele. A mensagem já estava presente,

mas de uma forma obfusca. À luz do seu ministério, porém, tudo se clarifica e completa.

 

Deus agiu em Cristo por amor para restaurar a humanidade ao Seu propósito original (ÉRICKSON, 275).

Jesus demonstra autoconsciência de ser Deus pelas prerrogativas divinas que reclama, feito claro nas reações dos Seus

adversários que vieram acusá-lo de fazer-se Deus (ÉRICKSON, 276-277). João 8.58; 10.31; 19.7.

O Novo Testamento parece usar o termo Senhor com conotações de divindade, especialmente em relação a Jesus

(ÉRICKSON, 280).

Cronograma de leituras de Érickson, George, Barth, Baillie e Anotações:

8/agosto

��

Érickson 275-284; George 198-200, 215-222; Grudem 435-456

4 BARTH, 9-28.

5 STAGG, 51 entre muitos outros autores.

6 STAGG, 55.

7 STAGG, 24.

8 CATE, 59.

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Que os oponentes judeus não argumentavam contra o túmulo vazio evidencia para a ressurreição de Jesus (ÉRICKSON,

281).

Heresias primitivas referentes a Cristo: ebionismo (negação da divindade real de Jesus); arianismo (Jesus como

criatura do Pai) (ÉRICKSON, 282-283).

Por Trindade, não compreende-se três deuses, mas "que o Pai, e o Filho, e o Espírito, são um e único Deus"

(GEORGE, 199). "Deus é manifesto na carne" equivale para Calvino Deus em termo de totalidade, não um entre

três, "preferindo chamar [as Pessoas da Trindade] de 'subsistências', não ... divisões" (GEORGE, 200).

"Não há nada que Satanás mais tente fazer do que levantar névoas para obscurecer Cristo" (GEORGE, 215).

Conhecer a Cristo é conhecer seus benefícios (GEORGE, 216).

"[Deus] se fez nosso Redentor na pessoa do Unigênito" (GEORGE, 216).

Cristo teve que ser humano para persuadir o homem do seu amor e sua ajuda nos mériots de haver passado por

provações humanas (GEORGE, 217).

Deus manifesto em carne, não homem elevado (GEORGE, 218).

Pelo desejo próprio, Deus agiu para resgatar-nos em Cristo para demonstrar a sua bondade (GEORGE, 220).

A obra redentora de Cristo compreende toda a sua vida e ministério, revelado completo pela ressurreição (GEORGE,

221).

No sermão de Estevão, ele narra de Abraão até Davi, e logo parte diretamente a Jesus (Atos 7).

Lucas 7.18-23 -

João o Batista. No contexto maior do capítulo inteiro, o motivo principal concerne o relacionamento dos

ministérios de João e Jesus. João, o próprio precursor e anunciador da chegada do messías encontrava-se na

prisão, daí a necessidade de enviar mensageiros. Na situação tal, preocupava-se de forma natural com a atuação

do messías. Para João, a hora havia chegado para que o messías se revelasse em poder e efetivamente o livrasse

da prisão. Todos esperavam que o messías seria a princípio um libertador político. Havia quem esperasse dois

messías-um político e um espiritual-mas pelo menos um político, que reivindicaria o governo de YHWH devolta

sobre Israel. Para João, a hora havia chegado. A sua necessidade particular apressava-se para ver a resposta

divina para sua situação. Afinal de contas, se Jesus era mesmo o messías, como João esperava, o que o fazia

demorar para realizar a libertação anseada?

A resposta de Jesus, porém, não parece claro de início. Parece até que Jesus responde outra pergunta, como

geralmente parece. De fato, Jesus aparentemente tinha jeito para responder as perguntas que as pessoas não

haviam feito. Neste caso, remete a certas expectativas messiânicas para responder a João, porém, delimita-se a

apenas algumas expectativas: sarar o povo, libertar os oprimidos por doênças e demônios, levantar coxos, até

mesmo purificar a leprosos (qual nem era expectativa messiânica), restaurar surdos, ressucitar mortos e pregar

boas novas aos pobres. Curiosamente, Jesus não reflete nenhuma expectativa de restauração política do povo de

Israel, nem de julgamento sobre os seus opressores. Tal aspecto permanece oculto na resposta a João. João não

precisa esperar outro, mas precisa compreender que Jesus não veio para cumprir as expectativas de caráter

político. "Agüenta firme, João, pois não vim para livrar-te da prisão, mas mesmo assim, sou aquele quem

esperavas"! Ele era o messías, mas as expectativas do povo estavam erradas.

Na exposição de Grudem (435-436) sobre o nascimento virginal, deve-se ressaltar que o texto de Mateus não tem muito

peso para sustentar o conceito, pois depende expressamente da citação da Septuaginta para designar a virgindade

de Maria. O hebraico do texto referenciado aponta para "uma mocinha", sem especificação exata. O texto de

Lucas é específico, mas vale mencionar que é realmente o único texto bíblico que expõe a concepção virginal de

Jesus. Enquanto deve ser aceito pela definição categórica de Lucas, o assunto não deveria receber ênfase

principal, sendo um aspecto de interesse secundário. O enfoque da passagem e do Novo Testamento como um

todo é a atuação do Sopro do Santo e as qualificações de Jesus.

Grudem remete para um vínculo de exegese agostiniano de transmissão biloógica do pecado original, mesmo que ele

procura distanciar-se das implicações da transmissão biológica através do semen (436-437). O sentido do termo

hebraico (adam) é de humanidade, expressando o conceito de que o homem no jardim paraiso "sou eu". O

tratamento expressamente singular do primeiro indivíduo que Grudem segue desvirtua a compreensão de que o

texto reflete a realidade atual, e não apenas das origens da criação.

Grudem menciona (442-444) uma polêmica sobre uma proposta impossibilidade de Jesus pecar, bem negando a mesma

em virtude da tentação de Jesus ter sido real e não fictícia. A pergunta se baseia numa concepção de que como

Jesus é Deus teria sido impossível que pecasse teria sido impossível sua atuação em conflito com os propósitos

imutáveis de Deus. Nesta visão falta-se uma apreciação de vontade real em Jesus, o qual dá validade às

limitações físicas de sua vivência humana, bem como uma falha de compreensão do conceito bíblico de perfeição e

vontade divina. Ser perfeito não designa uma falta de atingir uma moralidade ou lista pré-definida de objetivos,

mas entregar-se a uma vida de amor sacrificial. Este padrão de vida diferente que realça o entregar-se para o

ideal do outro estabelece em conseqüência do amor de entrega em benefício do outro, não em benefício próprio.

Intrínsico a esta definição é o conceito de distanciar-se de vontade própria para valorizar o benefício alheio.

Pecado é contrariar esse princípio, não "simplesmente" fazer o que é da vontade de Deus. A vontade de Deus

não vaga de um prazer a outro, como faz a vontade humana. A vontade de Deus inclue intrinsicamente aspectos

de amor sacrificial em prol do outro. Nestes termos, a impossibilidade de que Jesus pecasse depende não de

interiorizar de forma legalista a vontade divina, mas de voltar a sua vida em benefício da humanidade. A luta,

portanto, é real, pois exige que se pague um preço para atingir o objetivo-neste caso injúria severa e a própria

morte física.

Em relação ao corpo e aspecto físico humano de Jesus, Grudem trata (447) de aspectos intermináveis da humanidade de

Jesus. Deve-se lembrar, no entanto, que o corpo ressurreto de Jesus é ao mesmo tempo diferente de um corpo

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humano deste mundo. Não se sabe definir as diferenças, mas nesse corpo Jesus como pão e peixe, mas pode ao

mesmo tempo transitar por paredes de material. Algo é diferente, mas não deve-se preocupar em oferecer

explicações específicas. Os textos citados realmente não chegam a afirmar uma continuidade eterna da expressão

física de Jesus após a ressurreição, mas também não definam forma qualquer para a apreciação futura do

relacionamento com Cristo após a morte deste mundo.

15/agosto

��

Érickson 285-308; George 307-311; Grudem 457-470

Nesta passagem, encontramos um tratamento especial concernente à expectativa messiânica de

!yhla ) é mencionado no texto, e isto delimitado com o verbo anterior no singular. Como elohim (!yhla ) com o

29/agosto

��

Barth 14-53

05/setembro

��

Barth 54-81; Grudem 471-479

�� Barth trata muitos textos como estando sob certa "suspeita", geralmente referente à sua historicidade, sua data

12/setembro

��

Barth 82-103; Grudem 480-485

19/setembro

��

Barth 104-126; Grudem 489-496

uper hmon (por nós: hyper hemôn). Que Cristo morreu

uper hmon (por nós: hyper hemôn) não necessariamente indica que sua morte é de essêncai vicária. O queuper hmon (por nós: hyper hemôn) pois na morte de Jesus temosuper (por: hyper) nem sempre deve designar a idéia de vicariedade, Barthuper hmon (por nós: hyper hemôn) é já uma fórmula, destaca-se que se refere a algumauper hmon (por nós: hyper hemôn), que não seja de efeito vicário.

9 "Por três dias a alma torna ao sepulcro pensando que voltará (a entrar no corpo); quando, porém, vê que a cor do rosto se há transformado,

parte e o deixa" (Bar Qappara em Genesis Rabbah 100 (64a), por citação de Strack e Billerbeck, Kommentar zum Neuen Testament 2:544-

545, citado em BEASLEY-MURRAY, 189-190).

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despreza tanto o amor de Deus, como Sua provisão, como também o perdão, e está em sentido real associándo-se

aos que crucificaram a Jesus, unindo-se ao clamor de "não queremos mais saber deste-'caia o seu sangue sobre

nós e sobre nossos filhos', pois não queremos nada com o Deus que ele proclama ser".

Deus reconcilia o mundo para consigo, sendo que o homem é o alvo desta reconciliação, sendo o homem que rompeu a

comunhão e precisa ser restaurado (BARTH, 121). Poderia-se pensar em sentido de que o pecado é o que

destancia o homem de Deus em sentido de interesse humano, não de interesse divino! O tratamento normativo

equivale a um Deus irado com o homem, enquanto a mensagem mais abrangente bíblica parece ser de que o irado

é o ser humano que não quer relacionar-se com o Criador (Gênesis 2-4), foge de sua presença, e logo reclama

dos efeitos de seu pecado, mesmo não procurando reintegrar-se ao propósito divino, como também se coloca em

João 3.17-21.

"A cruz de Jesus é o julgamento de Deus sobre toda busca humana de orgulho, coisas grandes, de poder, prestígio e

sabedoria" (BARTH, 124).

"Se Deus se revelou na cruz de Cristo..., ele entrou na maior profundeza e perdição do mundo e ali, na profundeza,

está próximo do ser humano" (BARTH, 126).

26/setembro

��

Barth 127-150; Grudem 496-504

�� sacrifício pascal, aliança?.�� missão e identidade Jesus/Pai/Espírito.

03/outubro

��

Barth 151-165

10 LANE, 239-242.

10/outubro

��

Recesso acadêmico.

17/outubro

��

Érickson 311-325; Grudem 509-522

11 SCHLINK citado em BARTH, 162.

24/outubro

��

Érickson 327-340; Grudem 523-529

31/outubro

��

Érickson 369-379

Salvos De...

��

Salvos Para...

Arrogância �� Humildade

Condenação �� Justificação

Derrota �� Vitória

Desconfiança �� Confiança (Fé)

Desesperança �� Esperança

Desobediência �� Obediência

Despreparo �� Estarmos preparados

Dominância �� Serviço

Escravidão �� Liberdade real

Falsidade/Erro �� Verdade

Falta de propósito/rumo �� Missão

Ignorância �� Conhecer a Deus

Imagem deturpada/depravada �� Semelhança de Deus

Impureza �� Purificação

Individualismo �� Comunhão com outros/mundo/Deus

Inferno �� Céu

Infidelidade �� Fidelidade

Ira �� Recompensa

Legalismo �� Graça

Luta/Conflito �� Paz

Medo �� Confiança

Mortandade �� Regeneração

Morte �� Vida das eternidades

Ódio �� Amor

Pecado �� Boas obras

Reinar do ego �� Reinar de Deus

Separação de Deus �� Relacionamento com Deus

Sermos surpreendidos �� Sermos vigilantes

Trevas �� Luz

Vida infrutífera �� Fruto/produtividade

A salvação vem pela fé-de graça como fruto do amor de Deus, dado a todos que aceitarem. Há, porém, uma forte

demanda sobre o receptor em relação ao compromisso que ele assume com Deus. Ele é salvo em graça, mas

também para graça. Ele é salvo do pecado para viver conforme a instrução e propósito de Deus. É simplesmente

impossível ser salvo sem que haja a conseqüência de cumprir com as "boas obras", pois somos salvos para uma

nova vida. O que tem fé produz fruto-fruto de uma vida de comunhão com Deus (Gálatas 5.22-23), que é uma

conseqüência natural da salvação. Conforme Efésios 2.8-10, somos salvos para realizar as boas obras que foram

estabelecidas para o nosso caminhar. É necessário realçar o fato de que a fé tem como objetivo transformar

vidas, não um escape do inferno. Para tal, há como condição sumária o relacionamento de entrega a Cristo, que

efetúa um novo proceder, uma nova vida, uma transformação radical que faz de Cristo Senhor absoluto. É para

tal que somos salvos-de nós mesmos para Deus.

Em Gênesis 22, 1ª Reis 18.21-39 e Mateus 6.5-8 encontra-se textos que refletem um contraste entre o culto devido a

Deus e a forma cúltica pagã, junto com os seus conceitos de deuses que precisavam ser convencidos a ouvir o

cultuante. Abraão foi ensinado que YHWH não queria sacrifícios humanos para demandar sua atenção para que

abençoasse o sacrifício supremo do ofertante. É o próprio YHWH que oferece o animal para o sacrifício que deve

ser-lhe entregue. No monte Carmelo, os profetas de Baal fazem de tudo para serem ouvidos, mas YHWH não

precisa ser instigado a responder-a oração de Elias é bem simples e direta, sem repetição, nem atos que revelam

qualquer qualidade pessoal além de confiança. Jesus ensina os seus discípulos que Deus está pronto para ouvir,

mesmo reconhecendo suas necessidades de antemão. Logo não é necessário fazer quallquer coisa para agarrar

sua atenção-"crê tu somente". No texto de Hebreus 9, encontra-se também o conceito de que pelo sistema

sacrifical expiação não é efetivado pelo sacrifício, pois no sacrifício "faz-se recordação de pecado". O pecado

não é eliminado, mas lembrado. Neste lembrar, o ofertante era implicado referente a sua falha, que em

arrependimento o instigava a voltar-se a YHWH.

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Doc: Cristologia e Soteriologia.doc Impresso: 2002-08-14 página 15 de 20

07/novembro

��

Érickson 381-390

proorivzw quer dizer "decidir de antemão", podendo ser traduzido no sentido estrito de

14/novembro

��

Baillie 179-205; Érickson 391-402

21/novembro

��

Baillie 206-230; Érickson 403-415

28/novembro

��

George 264-271, 286-287

05/dezembro

��

Baillie 231-239

Érickson defende que a predestinação precisa ser compreendida e estudada a fundo, sendo obrigação do cristão cumprir

com tal por definição de que a Bíblia menciona o conceito (Érickson, 381). No entanto, a Bíblia menciona muitas

coisas que não carecem de enfoque detalhado, pois um enfoque detalhado sobre elas resultaria apenas em desviar

a atenção do cristão daquilo que é realmente importante. Para um teólogo, pode ser necessário fazer uma análise

de questãoes com os quais seus alunos, discípulos, e leitores se preocupam. Érickson mesmo não dá razão para

validar a sua colocação.

Emprega-se o termo predestinar em relação à salvação apenas em Romanos 8.29-30 e Efésio 1.5. Deuteronômio 4.7

fala de Deus ter escolhido o povo de Israel por ser um povo insignificante, conseqüentemente, para mostrar sua

grandeza ao mundo, não para salvar apenas Israel (Deut 10.15). Nehemias 9.8 menciona a escolha de Abrão

(Isaías 51.2 e Ezequiel 20.5 a escolha de Israel (Isaías 41.8-9; Atos 13.17). Marcos 13.20 referente aos

escolhidos em Jerusalém. Lucas 6.13 e João 15.16 referente à escolha dos 12. Efésios 1.4 refere-se aos crentes

como escolhidos. 1ª Tessalonicenses 2.3 cristãos como primeiros frutos. Deuteronômio 28.10 fala do povo como

sendo chamado povo de YHWH (2ª Crônicas 7.14; Isaías 43.1-7; 44.5; 48.1,12,15; 49.1; Jeremias 14.9; 15.16;

Amós 9.12; Atos 15.17; 1ª Coríntios 1.24 usa o termo em sentido de pertencer a YHWH, seguindo o conceito de

que domínio é refletido no nomear o outro-Gênesis 1.5,8,10; 2.19-20; 3.16,20). Romanos 1.6-7 usa o termo

chamado em sentido de convocação a um propósito (1ª Coríntios 1.2,9; 7.15; Gálatas 5.13; Efésios 1.18; 4.4;

Colossenses 3.15; 1ª Timóteo 6.12; Hebreus 5.4; 1ª Pedro 2.21; 3.9; 5.10). Romanos 9.24,26 refere-se ao povo

sendo chamado a existir como povo de YHWH. É usado o termo chamado em sentido de ser redimido (1ª

Coríntios 7.17-24; Gálatas 1.6,15; Efésios 1.14; 2ª Tessalonicenses 2.14; 2ª Timóteo 1.9; Hebreus 9.15; 11.8;

1ª Pedro 1.15; 2.9).

Propriamente, o termo grego

predestinar nos termos calvinistas mais severos, como também pode ter o mesmo sentido apontado por Warfield

(cf. E, 381) de uma intercambiabilidade com outros termos de Romanos 8.29. A forças, o termo não vem

carregado de sentido fatalista, mesmo que possa comportar tal conceito. Deve-se cuidar, portanto, para não

impor uma interpretação teológica sobre o texto de Romanos e Efésios a partir de formulações teológicas externas

ao texto. Por esta ótica, deve-se também lembrar que o estilo hebraico de usar paralelismo pode bem aplicar-se

nesta passagem de Paulo. Se a construção lingüística reflete realmente um uso de paralelismo, pode-se optar

entre usos de sinônimos complementares ou por um desenvolvimento conceitual gradativo. Pelo tanto, não há

base suficiente aqui para compreender que o texto demanda uma compreensão fatalística em relação à

predestinação de Deus.

A posição de Érickson sobre predestinação depende do conceito que ele elabora da soberania completa de Deus.

Conforme descrito, Deus seria o único agente de vontade independente no universo criado. Tudo o que Deus

realmente quer acontece, e tudo que acontece é obra e vontade de Deus. Partindo desta ótica, a única solução

possível é de predestinação dupla.

Érickson coloca (p. 388) que o ser humano é incapaz não apenas de salvar-se, mas de desejar ser salvo. Para ele, é

apenas quando Deus intervém para modificar a vontade humana que o indivíduo pode desejar ser resgatado por

Deus. Entretanto, Érickson não sustenta as afirmações com base definitiva. Os trechos aos quais aponta tratam

do ser humanos em sentido genérico, não procurando ser categóricos ao ponto de negar mesmo um ato decisivo

voluntário para procurar salvação em Deus. É definitivo que o ser humano não pode se salvar, mas o que não

pode ser definido com tanta asseveridade é que o homem não possa por si mesmo querer desvencilhar-se de sua

escravidão ao pecado. É necessário que o homem tenha vontade própria real, no entanto, para que tal

possibilidade fosse real.

 

Veja o ensino de Lucas 9.57-62 que revela um chamado de Jesus rejeitado pelo ouvinte em contraste ao tratamento de

Erickson (392) de que o chamado de Deus não pode ser rejeitado.

A posição de Erickson (394) reivindica para Deus uma soberania absoluta reivindicada de forma completa, o que logo é

incompatível com passagens como 1ª Timóteo 2.4.

"Às vezes, a igreja se esquece de que há variedade na maneira de Deus agir" (ÉRICKSON, 394).

Em Gênesis 6.6, encontra-se o termo hebraico nacham geralmente traduzido como "arrependeu-se". No entanto, este

termo está colocado no contexto de um paralelismo de duas frases do mesmo versículo, o que aponta para uma

compreensão do termo mais em sentido de "condoeu-se". Logo, "arrependeu-se YHWH" e "pesou-lhe o coração"

tem o mesmo signficado--lamentar. Em passagens como esta, YHWH é visto como sofrendo por causa do pecado

humano, tal que altera seus planos em resposta à ação humana. Neste uso, não há nenhuma conotação moral,

mas sim alteração de planos. É nessa alteração de planos que vincula-se o conceito com aspectos morais de

transformação de vida ao tratar do ser humano. No contexto humano, porém, a necessidade da alteração é

conseqüência de uma necessidade moral, enquanto a ação divina segue de forma coerente com o caráter moral e

ético de YHWH. O termo mais usado no Novo Testamento em termos de arrependimento para salvação também

denot esta transformação de mente ou atitude. "Quando [o arrependimento] é do pecado e para Deus, o caminho

da salvação há começado" (MOODY, 312).

Outro aspecto de fé que é essencial a ser tratada é o seu caráter relacional. Fé é um relacionamento de confiança, não

apenas uma aceitação proposital ou crença. Fé denota a forma adequada de relacionar-se com Deus e a forma

conseqüente de viver neste relacionamento (MOODY, 309 e 327).

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"A regeneração é o início de um processo de crescimento que continua ao longo da vida" (ÉRICKSON, 401).

"A fé salvadora exige...que a pessoa se comprometa de modo ativo com Deus" (ÉRICKSON, 402).

"Intenção e sentido nunca estão numa relação de correspondência exata com os símbolos audio-visuais que chamamos

palavras e linguagem" (STAGG, 76).

Gênesis 2.24; 2ª Samuel 17.3; 1ª Reis 11.2; Isaías 61.10; 62.5; Jeremias 2.2,32; 7.34; Oséias 9.1; 1ª Coríntios

6,7,9,10,11; 2ª Coríntios 11.2; Efésios 5.21-33; Apocalipse 19.7-9; 21.2,9 e 22.17 entre outras passagens tratam

do relacionamento entre Deus e o povo como refletindo o compromisso de matrimônio. Nas passagens de 1ª

Coríntios, este compromisso está ligado à celebração da ceia do Senhor como expressão de aceitar a proposta

matrimonial de Cristo. Neste contexto, a salvação exige o compromisso de fidelidade matrimonial, pois fomos

comprados por Cristo como também a noiva era comprada da casa de seu pai. Passamos, então a pertencer a

Cristo, de certo sentido como propriedade material.

"[A lei moral e a consciência moral] são abstrações e a realidade concreta é Deus, cujo amor que sempre nos busca é o

que chamamos tão inadequadamente de lei moral. É o amor que não abandona mesmo quando o traímos. E se

chegamos a nos orientar na direção de Deus de modo que ele nos interessa mais do que o nosso próprio caráter,

então poderemos aceitar o seu perdão e encontrar libertação e novo começo" (BAILLIE, 188).

"...Procurara reconciliação com Deus partindo de um princípio errado. Descobriu que o amor de Deus por nós não

depende de nossa dignidade para recebê-lo. Nunca poderemos conquistar o amor de Deus através do nosso

próprio esforço de bondade e, quando assim pretendemos, fazemos mau negocio com a nossa própria bondade,

convertendo-nos em 'fariseus' exatamente como aqueles que Jesus tanto detestou" (BAILLIE, 194).

"A iniciativa da reconciliação procede dele. Foi feita em Cristo, e está à nossa disposição como dom gratúito que

jamais poderíamos conquistar ou merecer" (BAILLIE, 195).

"Deus perdoará gratuitamente mesmo os maiores pecados se os pecadores se arrependerem e voltarem dos seus maus

caminhos. Nada mais é preciso, nem expiação, nem oferendas, pois Deus já tem todas as coisas. Basta o

arrependimento sincero e a rejeição real dos pecados; assim o pecador poderá contar com a misericórdia de

Deus" (BAILLIE, 201).

"O perdão de Deus como agora é entendido no Novo Testamento, excede a todos os intentos humanos de expiação,

porque a expiação é feita no coração e na vida do próprio Deus, o divino Pastor, que vai ao deserto em busca da

ovelha perdida" (BAILLIE, 204).

 

"Muita confusão foi causada porque a palavra 'expiação' perdeu o sentido que tinha quando a Bíblia foi traduzida, isto

é, o sentido de reconciliação. A palavra hebraica ... nada tinha a ver com a propiciação de um Deus irado. ...A

palavra grega empregada (katallagé) que correspode à 'expiação' do Antigo Testamento, significa simplesmente

'reconciliação'" (BAILLIE, 213-214).

"Nos sacrifícios do Antigo Testamento não era a morte da vítima que se supunha efetiva, mas a vida, libertada pelo ato

do sacrifício sobre o altar e assim oferecida a Deus.... E assim a morte sacrificial de Cristo sobre a Cruz não é o

fim da sua obra expiadora, mas torna possível a sua entrada na esfera celestial onde a sua oferta própria continua

para sempre" (BAILLIE, 224).

Somos salvos para espelhar o exemplo de Cristo de autoentrega para serviço a Deus e aos demais. Sua obediência é

regra para o cristão, pois revela o caráter devido do mesmo. A salvação, portanto, deve operar transformação na

vida do indivíduo tal para que seja aparente a nova vida de obediência a Deus. Nesta vida de obediência, o

exemplo é sempre Cristo, portanto há necessidade de prosseguir ao alvo-ao chamado supremo de Deus de

sermos como Jesus (Filipenses 2-3).

A união com Cristo é ingrediente essencial de uma compreensão da salvação (ÉRICKSON, 404).

O matrimônio ideal também reflete o conceito da união do crente com Cristo em termos do alvo a ser alcançado

(ÉRICKSON, 407), tal para tornar o crente "uma só carne" com Cristo (Efésios 5.31-32).

"A justificação é uma ação forense ou declarativa de Deus, como a de um juiz absolvendo o acusado" (ÉRICKSON,

410).

 

"O batismo [entre os anabatistas] às vezes acontecia como o clímax da conversão, um processo que freqüentemente

envolvia uma intensa batalha emocional" (GEORGE, 264). Logo, no conceito de alguns, a conversão podia ser

compreendido em sentido de um processo, compreendendo "os dois momentos inter-relacionados de fé e

arrependimento" (ibid.).

Menno citou 10 exemplos de fé verdadeira, os quais "tinham em comum uma fé viva que as levou a uma ação decisiva e

ao serviço de Deus" (GEORGE, 265).

Menno procurou oferecer um equilíbrio entre posições católicas da idade média e posicionamentos de reformadores

deterministas. "A salvação é pela graça, não pelas obras; contudo, é 'de minha própria escolha' que eu aceito os

meios da graça divina oferecidos" (GEORGE, 270).

Em 1ª João 1.5-7, encontra-se uma exortação para que não apenas seja reconhecido que Deus é luz, mas para viver

nessa luz de Deus, seja viver uma vida conforme a identidade de Deus (SMALLEY, 26).

"Não podemos negar o fato do pecado, mas podemos negar a sua prática" (SMALLEY, 41).

"A genuinidade da experiência cristã é provada e estabelecida negativamente pela ausência do pecado, e positivamente

pela presença do amor (obediente)" (SMALLEY, 64).

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João lança um desafio ao seu público: "ser um cristão genuino deve significar o conhecimento de Deus, um

relacionamento com Cristo e força para conquistar o mal (2.12-14). Deve também significar, negativamente, a

rejeição de atitudes mundanas e, positivamente, uma obediência amorosa a Deus (2.15-17)" (SMALLEY, 89).

O verdadeiro cristão pode andar na luz, e, portanto, deve (SMALLEY, 137).

Renúncio do pecado, ser obediente, rejeitar ser como o mundo, ser amoroso, manter a fé são lançadas por João como

condições para viver como filhos de Deus, o que geram em conseqüência uma confiança em Deus (SMALLEY,

310).

 

Ao considerar o estabelecimento de algumas conclusões sobre a morte de Jesus, lembre-se em

primeiro lugar definir as distinções entre certos conceitos. A Declaração de Fé dos Batistas

argumenta de forma clara que a morte de Jesus deve ser compreendida em termos de expiação.

De alguma forma a morte de Jesus traz expiação de pecados para aqueles que aceitam a sua

eficácia dentro dos parâmetros de fé. Expiação refere-se expressamente à eliminação do pecado.

Vicariedade refere-se à morte de um em lugar de outro. Os dois termos são comumente tratados

como sendo um só conceito (expiação vicária), porém permanecem sendo dois conceitos distintos

que podem ser unidos em certas circunstâncias.

O Antigo Testamento trata de expiação, porém só em Isaías 53 trata-se a questão de morte

vicária. O Antigo Testamento desconhece o conceito de sacrifício de morte vicária, a não ser na

morte vicária de Zerubabel em Isaías 53 e o cordeiro que redime Isaque, o primogênito de

Abraão (e em decorrência o cordeiro pascal nos mesmos moldes de redenção do primogênito).

Na redenção do primogênito, temos o conceito de substituição, mas não vinculado ao conceito de

expiação.

A compreensão básica do sacrifício de expiação no Antigo Testamento visava a aproximação do

homem para com YHWH, provavelmente no sentido de mediar uma audiência. No entanto, no

texto de Isaías 6.7, YHWH concede audiência direta aparentemente sem preocupar-se com a

questão de culpa e pecado, mas quando o profeta levanta a questão de sua culpabilidade, uma

mera brasa pôde expiar sua impureza! Aqui há expiação desvinculada de sacrifício, porém num

contexto de audiência com Deus.

Deve-se, portanto, fazer uma distinção entre expiação em si e em teorias de expiação-ou seja, as

formas de compreender o evento da expiação (perdão) de pecado. Expiação no Antigo

Testamento estava voltado à restauração de comunhão com Deus. O sangue do animal aspergido

sobre o altar e a arca da aliança (a tampa da qual representava o trono de YHWH, sendo o seu

trono na terra) e sobre o ofertante simbolizava tal aproximação, já que a vida derramada voltava a

YHWH

. Como o ofertante haveria colocado suas mãos sobre o animal antes da morte do mesmo,

seria também levado perante YHWH, restaurando a presença de YHWH no templo e na sua vida-

caso YHWH aceitasse a oferta! Como o sacrifício era visto como dependendo da aceitação de

YHWH

, não é propriamente a morte nem mesmo o sacrifício que efetua expiação, mas é o

próprio YHWH, mediante uma atitude de graça, que torna o sacrificio eficaz. Esta compreensão

leva o evento sacrifical a ser visto mais como um ato de obediência e reflexão do que um ato

salvífico em si.

Quando Jesus Cristo morre na cruz, sofrendo a morte na tradição do sofrimento dos justos e da

morte dos profetas (Mateus 23.29-31), é YHWH mesmo ofertando a sua própria vida a Si mesmo

como sacrifício pelo povo para expiação e em resgate, com fins de restaurar a humanidade à

comunhão quebrada por causa do pecado humano, motivado pelo amor de YHWH pelo homem

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desgarrado. Jesus morreu, mas vive e intercede por nós eternamente. Jesus é vicário conforme

Filipenses 2, no sentido de YHWH criar carne (João 1.14) e viver em nosso lugar, demonstrando

como deveria ser a nossa vida de "servos humanos", sendo "obediente até a morte, e morte de

cruz". Jesus não é tanto vicário em sua morte, como é na sua própria vida, da qual nos é dado

participar, sendo Jesus também o modelo para seguirmos, e assim Jesus vive vicariamente

naquele que crê (Rom 6.1-11, Gal 2.20).

A morte de Jesus, portanto, tem vários sentidos que não se reduzem a uma só expressão. De

certo, o evangelho pregado por Jesus já está embutido no Antigo Testamento, mas na

encarnação, ministério e morte de Jesus o evangelho é clarificado e o ser humano é forçado a se

posicionar. Foi necessário que Deus "criasse carne", vivesse entre nós, sofresse, morresse e

fosse ressucitado para nos salvar. Isso porque: 1) foi necessário o homem perceber de forma

clara o grande amor de Deus; 2) foi necessário o homem reconhecer de forma clara a seriedade

do seu pecado; 3) foi necessário clarificar que nenhum sacrifício animal (nem humano) poderia

ser eficaz para a expiação do pecado; 4) foi necessário para revelar que a aliança dependia

completamente da ação de Deus, quem oferece e é o próprio sacrifício para a ratificação do

pacto; 5) foi necessário para a comprovação definitiva que Jesus era tanto o messías esperado

como a própria encarnação de YHWH, ratificado na ressurreição; 6) foi necessário para revelar a

importância dada por Deus (clarificado no custo da paixão) às exigências da aliança (reinar de

Deus no indivíduo-reino de Deus); 7) foi necessário para convencer o ser humano que a aliança

é muito mais do que o estabelecimento de uma sociedade (governo) justa aqui na terra; 8) foi

necessário para definir categoricamente a importância e a necessidade de um posicionamento

definitivo em termos de aceitar ou rejeitar a oferta de Deus.

Para quem se opõe às exigências do evangelho da cruz teria que encontrar uma maneira de ser

valorizado por Deus, mesmo rejeitando o amor de Deus expresso no ato de Deus em entregar-se

a uma morte cruel expressamente para o resgatar. Portanto, quem rejeita a Jesus Cristo

desvaloriza tal expressão do amor de Deus, incluíndo-se com aqueles que o crucificaram. Para

esse, que outro sacrifício pode existir que valeria para retificar a sua posição perante Deus?

Jesus Cristo, portanto, é o messías não-esperado. O povo esperava um messías, mas Jesus foi

bem diferente do que se esperava. O evangelho já fora comunicado através do Antigo

Testamento, mas não fora amplamente compreendido, nem a sua mensagem completamente

desenvolvida. Agora com a vinda, morte e ressurreição de Jesus, a mensagem é mais clara e

mais confrontativa. É necessário fazer uma escolha-aceitar por completo as exigências de uma

vida completamente entregue a Deus em Jesus ou categoricamente desvincular-se de Deus. Não

existe outra opção: ou é tudo, ou nada.

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retrata conceitos de épocas posteriores ou níveis teológicos superiores ao tratamento dado em outras passagens

veterotestamentárias.

YHWH vem sendo apresentado nestas narrativas como justo e misericordioso, agindo de acordo com a sua graça para

com o homem. Este mesmo YHWH trata o homem caido não em vingança ou ira, mas em busca de reconciliação.

Enquanto Caim teme o que os demais homens farão em retribuição, YHWH age em sua proteção. Enquanto o

homem procura apontar o dedo a qualquer lado para escapar de sua culpa, YHWH atua para restaurar-lhe o que

é possível em sua nova condição, provendo ao mesmo tempo alertas da nova condição e fazendo por ele o que não

lhe é possível sem ajuda, atuando até para protegê-lo de viver para sempre na condição de pecador. Ao mesmo

tempo, as narrativas revelam o efeito cumulativo do pecado sobre a humanidade, fornecendo o pano de fundo

para a narrativa do dilúvio nos capítulos que seguem.

Na narrativa do dilúvio, o narrador começa com a colocação de que o homem havia destuído a criação de YHWH,

portanto YHWH resolve dar à criação um novo começo-uma segunda chance e um novo começo (re-criação) em

face da dor que sente ao ver a destruição lavrada pela humanidade. Assim, YHWH age para restaurar e

consertar aquilo que o homem havia destruído.

 

Erickson trata que Deus pode ser descrito como "alérgico ao pecado...compelido a afastar-se do pecado" (328), porém,

não é isso que se vê no ministério de Jesus no seu comer com "publicanos e pecadores" especialmente em relação

a Zaqueo, nem em Gênesis 3 e 4 quando YHWH se aproxima ao homem pecador para reconstituí-lo a um

relacionamento de comunhão, mesmo estabelecendo proteção sobre a vida de Caim. Obviamente o pecado não

Lhe agrada, mas nem por isso exerce qualquer controle sobre o Altíssimo. Os textos que Érickson cita em apoio

ao conceito do "Deus alérgico" (ÉRICKSON, CT, 285-286) referenciam homens pedindo distancia de Deus frente

a sua pecaminosidade (Isaías 6.5 e Lucas 5.8), não Deus criando tal distância. Em Êxodo 20.19, encontra-se as

palavras do povo que não quer que YHWH lhe fale diretamente, mas que Moisés lhe seja portavoz. De certo, no

contexto há também registros de YHWH fazer demarcar limites para que o povo não se aproximasse demais ao

monte, porém, entende-se que fosse igualmente a vontado do próprio povo ter distância de YHWH por causa de

seu sentimento de culpa.

A lei (torá-"instrução" cf. HOUTMAN em WOLDE, 166 e LASOR, 3) deve ser concebido em termos de ensinar o

homem a relacionar-se com Deus (ÉRICKSON, 328).

A punição inevitável do pecado (ÉRICKSON, 329) pode ser concebido em termos de conseqüência natural, de acordo

com as "leis naturais" que Deus estabeleceu para reger o universo. Assim também, a instrução da lei-os

mandamentos do Criador-fornecem ao homem explicação referente a como viver no mundo criado por YHWH.

O homem é completamente incapaz de fazer qualquer coisa para efetivar a sua própria salvação (ÉRICKSON, 329),

logo depende expressamente de Deus.

O animal de sacrifício ideal no sistema sacrifical veterotestamentário era o boi, sendo que esse deveria ser o melhor.

Pelo valor e uso considerável desse, consideraria-se que tal animal podia ser apresentado apenas por aqueles

grandes fazendeiros em ocasiões de fartura (GERSTENBERGER, 27), conseqüentemente o valor imensurável de

tal sacrifício é apontado.

"Isaías 53 é o único texto do Antigo Testamento que trata de uma morte (vicária) pelos pecados das pessoas" (BARTH,

65). Ainda assim, Isaías 53 traça a questão de morte vicária não em termos de apaziguar ira, mas de trazer

reconciliação em meio ao reconhecimento de males cometidos entre os ofensores e Deus (WATTS, 233). Assim,

mesmo quando o conceito de morte vicária é apresentado em Isaías 53, não vem a ser igual ao conceito

helenístico de morte vicária. Como Barth continua comentando, Isaías 53 não parece ser a fonte base de

expressão do conceito de morte vicária no cristianismo (BARTH, 65).

O tratamento do pano de fundo do Antigo Testamento oferece no mínimo a opção de um desvínculo entre expiação e

vicariedade. Perde-se uma compreensão direta de expiação não-vicária pelo surgimento do conceito de

vicariedade. Barth não toma o tempo para procurar uma explicação concebível de expiação vinculada a morte

sem que seja morte vicária. Parece ser uma falha completa, pois havia morte em sacrifícios através do Antigo

Testamento, nenhuma das quais era compreendida em sentido de vicariedade. Já a expiação no Antigo

Testamento também pode ser desvinculado de morte, para o qual uma compreensão de expiação sendo unicamente

de caráter vicária é simplesmente inaceitável.

Pelo vínculo de expiação com os objetos cúlticos do templo/tabernáculo, entende-se que expiação tinha a ver com a

restauração de comunhão com Deus. O sangue do animal roseado sobre o altar e a arca da aliança (a tampa da

qual era representativo do trono de YHWH, ou sendo o seu trono na terra) e sobre o ofertante simbolizava tal

aproximação, já que a vida derramada voltava a YHWH e o ofertante haveria colocado suas mãos sobre o animal,

seria tambem levado perante YHWH, restaurando a presença de YHWH no templo e na sua vida-caso YHWH

aceitasse a oferta! Como o sacrifício era visto como dependendo da aceitação de YHWH, não é propriamente a

morte ou mesmo o sacrifício que efetua expiação, mas o próprio YHWH, o que leva o evento sacrifical a ser visto

mais como um ato de obediência e reflexão do que um ato salvífico em si.

Veja o tratamento de Barth, nas páginas 62-63 referente ao conceito veterotestamentário referente ao sacrifício.

Erickson trata sacrifício em termos de vicariedade (ÉRICKSON, 330), porém, esse não parece ser o conceito do

Antigo Testamento.

Enquanto Erickson denota a oferta da vida de Jesus como resgate de escravidão (ÉRICKSON, 331), os textos citados

não referenciam necessariamente escravidão. Pode ser que a implicação de Jesus seja do resgate da noiva da

casa de seu pai, em lugar de escravidão em si. Por outro lado, a especificação de resgate da escravidão pode ser

visto no contexto do Êxodo.

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As colocações de Erickson referente ao conceito de substituição ou vicariedade (ÉRICKSON, 331), podem ser também

compreendidas em sentido de uma morte a favor do povo que possibilita salvação, sem necessidade de ser

interpretado em sentido vicário.

"O amor do Pai e o do Filho são intercambiáveis" (ÉRICKSON, 332).

A ira de Deus referenciado por Erickson no texto de Romanos 1.18 (ÉRICKSON, 332) parece denotar a forma de

conseqüência natural do pecado, conforme a lei da criação. Isso se dá ao notar que a passagem descreve um

crescimento de conseqüências do pecado dando fruto natural, sendo essa progressão definida como a ira de Deus.

Em Cristo, Deus intervém para tirar o homem dessa problemática.

Erickson trata o tema da ira de Deus de forma muito estreita, com sentido equivalente à ira ou raiva humana

(ÉRICKSON, 333-334). A ira de Deus na Bíblia aparece mais em sentido de justiça do que raiva. No dilúvio, a

ira de Deus revelada não foi em sentido de raiva, mas em sentido de corrigir a destruição ou ruína efetivada pelo

homem para re-estabelecer a criação. Ali-Gênesis 6.11-12-a mesma palavra hebraica é usada para descrever o

que o homem há feito com o mundo e o que YHWH está prestes a fazer (WENHAM, G., 172 e WOLDE, 122).

Em resposta à pergunta de Erickson referente a propiciação (335), primeiramente ressalta-se que o próprio texto

mencionado indica a disposição de YHWH em perdoar. No caso de Caim, YHWH vem ao seu encontro,

explicando que o seu sacrifício não foi aceito por falta de arrependimento. Nesse sentido, o sistema sacrificial do

Antigo Testamento visava fornecer as bases para uma expressão de arrependimento e aproximação do pecador

para com YHWH. O homem expressa a sua dependência e necessidade de forma humilde em arrependimento no

sacrifício veterotestamentário, tal como o faz perante Jesus nos moldes do Novo Testamento.

Quando Erickson cita Robertson em apoio ao conceito subsitutivo (ÉRICKSON, 336), é válido lembrar que estudo do

sistema sacrificial do Antigo Testamento (como mostra BARTH, 62-63) não utiliza-se de conceitos de morte

vicária. Robertson não tinha acesso a tal compreensão veterotestamentária, o que invalida sua conclusão

gramatical apontada por Erickson. Há outra forma gramaticalmente apropriada de compreender a passagem

quando se trata de um sistema sacrificial diferente do conceito vicário.

Deus não é obrigado a exigir pagamento pelo pecado, mas a questão perdão depende de arrependimento para que possa

haver uma restauração de comunhão. Não importa se Deus perdoar ou não, se o homem não se dispõe a um

relacionamento com o seu Criador. Deus, porém, age para trazer o homem a um relacionamento que inclui o

perdão de todo e qualquer pecado. Isso, porque Deus quer um relacionamento com o homem, mesmo que o

homem tem se distanciado de Deus.

 

João 3.1-16-no encontro com Nicodemo, Jesus utiliza várias forma de explicar uma única verdade, referente à

necessidade de estabelecer um relacionamento de fé para salvação. Como Nicodemo não compreendia, havia a

necessiadade de usar mais de uma forma para explicar. Não lhe era possível falar sem usar figuras, pois o

celestial é além da compreensão humana.

João 3.17-21ss. "Já está julgado"... Jesus veio para livrar da condenação. "E o julgamento é este, que os homens

amaram mais as trevas do que a luz, pois a suas obras eram más". O julgamento e a condenação já estavam

realizadas e atuantes na humanidade, como também são até hoje. Não havia de se esperar a chegada de um dia

de juízo, mas apenas a efetivação da sentença. No interino antes da morte do indivíduo, porém, existe a

possibilidade de ser inocentado por Cristo. Em outras passagens trata-se de um juízo vindouro, mas aqui de outra

perspectiva, qual trata o julgamento como fato já no passado, qual temática será repetida em 5.24-25.

Em João 5.5-14, Jesus vincula a cura do paralítico com questões de fé e pecado. Jesus não curou a todos, mas curou a

este. Logo, a cura deste paralítico vincula-se com o ensino de Jesus referente ao morto ambulante (5.24-25). Já

há condenação e juízo, o homem apenas está aguardando cumprir a sentença, mas existe a possibilidade de ser

inocentado, mesmo que já foi julgado culpado.

A salvação inclue três aspectos: justificação, santificação e glorificação (ÉRICKSON, 370).

A salvação pode ser concebido em termos verticais, horizontais como também internos (ÉRICKSON, 370), já que o

relacionamento com Deus influe conseqüentemente nos relacionamentos com os demais e também em mudanças no

interior do indivíduo.

Como é tratado que o movimento da salvação pode partir do social ao indivíduo ou do indivíduo ao social (ÉRICKSON,

371-372), deve-se manter atento às implicações da salvação no relacionamento entre o indivíduo e a sua

sociedade.

"Deus era muito capaz de resgatar-nos das incomensuráveis profundezas da morte de outra maneira, mas desejou

mostrar os tesouros de sua bondade infinita quando não poupou o Filho único" (Calvino em GEORGE, 220).

Lembra-se ao tratar o encontro de Jesus com Nicodemo que Jesus viu a necessidade de empregar várias simbologias

para explicar uma única verdade a Nicodemo. Como este não compreendeu o primeiro, Jesus utizou outro retrato

para comunicar a necessidade de regeneração, e logo outro.

É necessário ressaltar que a salvação contém dois aspectos essenciais que logo se mostram em várias polaridades.

Somos salvos "de" certas coisas e "para" outras. É comum tratarmos mais o aspecto negativo (salvos de ...),

porém esse não é o quadro completo. O resto do quadro ressalta tanto o compromisso do cristão como a

promessa que lhe é feita. Como nova criatura, o crente agora tem outra possibilidade de atividade, embuído de

um novo propósito e referencial. O quadro que se segue não pretende ser completo, mas ilustrativo das

conseqüências de vida da salvação.

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aceita a proposta e é separada para serviço a YHWH, conforme Êxodo 19.5-6, ondo o povo é chamado para ser

separado para pertencer a YHWH.

Barth não precisa escapar de conceitos veterotestamentários para falar de um "muro cósmico" (BARTH, 157), pois já o

hebreu pensavo no firmamento como tal muro, acima do qual estavo o mero trono de YHWH (Veja "Conceito

Hebraico do Universo" em HARBIN, Teologia das Narrativas, 22).

"Como vimos, o Novo Testamento não dá somente uma resposta, mas uma série de respostas à pergunta por que Jesus

teve que sofrer essa morte" (BARTH, 159).

Nossa linguagem é falha por partir de seres finitos e falhos, porém, é necessário falar de Deus, mesmo em formas um

tanto falhas. Ao mesmo tempo é necessário lembrar as limitações de nossas conceituações teológicas (BARTH,

161).

"Que o significado salvífico da morte de Jesus vai além do nosso entendimento, torna-se visível justamente na

justaposição de diversas interpretações e no uso de diferentes conceitos e esquemas, que não coincidem

inteiramente"11.

Barth coloca como necessário escolher entre as interpretações neotestamentárias para dar explicação da morte de Jesus

(163), porém o próprio NT não divorcia as várias interpretações lançadas uma da outra. Ela as coloca como

ingredientes ou partes do quadro completo. Deus não foi até a cruz apenas para mostrar seu amor, nem apenas

para mostrar o âmbito do pecado humano, nem apenas para tratar a expiação de pecado, nem apenas para

efetivar resgate ao homem escravizado pelo pecado, nem apenas para revelar a justiça de Jesus, nem apenas para

dar um exemplo para os discípulos. Cada um desses elemento trabalho em conjunto com os demais para explicar

o agir de Deus na cruz de Jesus Cristo.

A morte de Jesus é elemento necessário para uma compreensão e validação do ministério de Jesus-o seu ministério não

pode ser desvinculado de sua morte (BARTH, 163).

A salvação do homem depende da ação aproximadora divina, sendo que é a própria culpa do ser humano que o faz

necessitado de salvação (BARTH, 163).

Como é necessário tentar compreender a morte de Jesus, a sua morte também interpreta a compreensão cristã da

identidade de Deus e conceitos de cristologia, soteriologia, antropologia (BARTH, 165)..

 

 

Na encarnação, "Jesus renunciou ao exercício independente de seus atributos divinos, ... [tal que podia] exercê-los

apenas na dependência do Pai e em associação com a posse de uma natureza plenamente humana" (ÉRICKSON,

313).

A transformação das vidas dos discípulos é testemunho suficiente da ressurreição de Jesus, pois deram suas vidas em

testemunho de sua esperança e do seu testemunho (ÉRICKSON, 314).

Érickson trata do corpo ressurreto de Jesus como ainda não ascendido ao Pai (ÉRICKSON, 314), porém Jesus pediu a

Tomé que o tocasse, mesmo que a Maria Magdalena para não o tocar por razão de não ter ascendido ao Pai.

Fica difícil aceitar, portanto, a explicação de Érickson de que o seu corpo ainda não tinha sido transformado em

corpo espiritual.

"A ascenção de Jesus não foi uma mera mudança física e espacial, mas também espiritual" (ÉRICKSON, 315).

O sentar de Jesus à direita do Pai "é um símbolo de autoridade e governo ativo" (ÉRICKSON, 316).

O reinar de Cristo não é apenas uma questão de exaltação final, pois já reina nas vidas dos seus discípulos

(ÉRICKSON, 318).

Jesus atua em reconciliação em termos de intercessão e expiação (ÉRICKSON, 319).

No tratamento de Érickson das teorias de expiação ele realça as posições extremas de cada conceito, cada qual é levado

em forma isolada para explicar a expiação realizada em Cristo. A teoria sociniana (320) tem alguns elementos

positivos e bíblicos que devem ser mantidos, mas não a formulação exptrema isolada. A teoria de influência

moral tem peso de certos elementos bíblicos e aspectos positivos que devem ser respeitados, porém não a

formulação extrema, como o pecado ser apenas "uma doença da qual precisamos ser curados" (321).

No tratamento de Orígenes citado por Érickson (323-324) há um descaso da temática do Êxodo do povo das mãos de

Faraó (ou aparente ignorância da aplicabilidade do termo resgate ao evento). Essa temática teria sido de extrema

importância ao judeu em sua reflexão sobre a ação divina em resgatar o povo.

"Em sua morte, Cristo (1) deu-nos um exemplo perfeito do tipo de dedicação que Deus deseja de nós, (2) demonstrou a

grande extensão do amor de Deus, (3) Salientou a seriedade do pecado e a severidade da justiça de Deus, (4)

triunfou sobre as forças do pecado e da morte, libertando-nos de seus poderes, e (5) ofereceu satisfação ao Pai

por nossos pecados" (ÉRICKSON, 325).

Em Gênesis 2.4b-4.26, encontramos uma seqüência narrativa traçando reflexões teológicas referentes ao pecado-sua

definição, suas conseqüências, sua extensão-bem como a resposta de Deus ao pecado. Nestas narrativas temos o

cerne dos pressupostos teológicos veterotestamentários sobre o pecado e a atitude divina frente ao mesmo. Não

deve-se supor que estas narrativas foram compreendidas e suas implicações aceitas entre todo o povo hebreu em

toda a sua história, mas formam o cerne teológico para o redactor final do Pentateuco, mesmo que este às vezes

A paixão de Jesus é o cerne teológico do Evangelho de Marcos (BARTH, 127).

Para Marcos, os milagres não dão a compreender corretamente a identidade de Jesus, pois os discípulos não

entenderam quem era pela observância de sinais (BARTH, 130).

Somente após a páscoa é permitido aos discípulos pregar que Jesus é o Cristo (BARTH, 131).

Marcos parece definir as ordens de silenciar os discípulos e demoníacos em relação a um conceito de identificação de

Jesus como divino operador de milagres, não tanto com questões de messianismo político (BARTH, 131).

O sofrimento de Jesus torna em Marcos a ser visto à luz de polêmica em contra do conceito da salvação ser vista em

termos de bênçãos materiais e libertação de toda e qualquer dificuldade (BARTH, 132).

Em Marcos 10.42-45, Jesus trata em polêmica contra a soberba de Jacobo e João que querem posições de senhorio,

privilégio e domínio. Como usa de linguagem de servidão e escravatura, logo no versículo 45 ele fecha o discurso

em linguagem relacionada em termos de extrair seus discípulos de tais confins de opressão. O versículo deve ser

visto sob a perspectiva do tratamento por Barth referente ao conceito resgate (77-81) e não como agora o coloca

como expressão de expiação vicária. Parece tratar mais a questão de invalidar a procura por poder e posição.

Em Marcos 14.24, Jesus coloca que seu sangue, sua vida, é derramada por muitos, porém não é especificado que tal

morte deve ser compreendida como tendo efeito vicário. A implicação é de que a vida derramada está vinculada a

salvação, mas o modo não é especificado. A troca da vida de Barrabás em relação à morte de Jesus certamente

pode ser visto como evento vicário, mas tem ao mesmo tempo um impacto de realçar o nível de pecado do povo,

como se vê a progressão de pecado nas narrativas de Gênesis capítulos 2 a 6. As colocações por Barth (133-134)

referentes à suposta vicariedade, portanto, podem ser explicados de forma simples em sentido de destacar e

enfatizar a impiedade, injustiça e óbvia culpabilidade da crucificação. Há, porém, outra explicação da fórmula

expressa por Jesus nesta passagem, geralmente ignorada. Os judeus da época de Jesus costumavam pagar uma

quantia acertada entre os pais de um jovem casal, chamada o preço da noiva. Quando a quantia fora acertada, o

jovem pretendente enchia um copo de vinho e oferecia à donzela com as seguintes palavras "Este cálice é o novo

pacto no meu sangue, que ofereço a ti", as mesmas palavras referidas por Jesus-a expressão do compromisso

por parte do noivo em oferecer sua vida e proteção à sua noiva, caso ela aceitasse a proposta (LAAN, 1-2).

A questão do "porquê" e "para quê" é relevante em termos do conteúdo do Salmo 22. Também a colocação de Barth

(135) referente ao mal-entendido do povo das palavras de Jesus ecoam o pano de fundo histórico de Jesus ter

pronunciado sua exclamação em hebraico, expressamente de Salmo 22, certo sentido do qual sendo preservado ou

enfatizado por Marcos, mesmo partindo da tradução normativa, enquanto a frase em aramaico seria mais

facilmente compreensível pelo povo. Lembra-se que Marcos era o intérprete de Pedro, homem não-culto, e teria

com freqüência seguido a forma traditiva passado por Pedro. De Marcos ter mudado a citação para o aramaico

não infere muita coisa referente à procura do original, tanto como levanta perguntas sobre o propósito dele fazer

tal ênfase. Enquanto Marcos diverge a atenção de uma citação "piedosa" do Salmo, ênfase recai sobre a

distância que Marcos quer colocar entre Jesus como o Messías, Salvador sofredor e o tal divino operador de

milagres. A modificação de Marcos enfatiza a sua própria ênfase literária, sem realmente afetar o tratamento

autêntico do Jesus sendo apresentado-realça o que é de mais interesse ao propósito marquino.

Lucas não fundamenta o perdão de pecados na morte de Jesus em qualquer passagem de seus dois volumes (BARTH,

140).

Pela questão modelar do tratamento do sofrer de Jesus e dos discípulos (BARTH, 140-141), pode ser que Lucas visa

mais usar o conceito modelo para enfatizar em Atos a continuação de tudo "o que Jesus começou a fazer" (Atos

1.1).

Lucas simplesmente não se preocupa muito em explicar a morte de Jesus em termos salvíficos por ver a efetivação

salvífica de Deus na ressurreição e exaltação de Jesus. Ele trata a sua morte, portanto, em termos de caráter

ético e moral-um modelo para o cristão (BARTH, 141-143). Deve-se levar em conta, portanto, que uma devida

explicação da morte de Jesus a forças deve considerar o "descaso" que Lucas leva ao assunto em termos

soteriológicos.

O Evangelho de João é o que alude mais à iminente paixão de Jesus (BARTH, 146).

Para João, a morte de Jesus aparentemente vem a ter o sentido do confronto culminante entre o homem pecaminoso e

Deus (BARTH, 147).

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Enquanto temos na morte de Jesus o conflito entre pecado e justiça, tem-se ainda um aspecto glorificador (glória em si

designa "revelar a essência de") da vera identidade de Jesus. "A infâmia [da traição] é a glorificação de Jesus",

qual rejeição culmina na sua morte sobre a cruz (BARTH, 147).

A morte de Jesus na cruz revela de forma concreta tanto o juízo de Deus como o amor de Deus em oferecer-se para

reconciliar o mundo (BARTH, 148).

Nota-se que em geral as passagens que Barth identifica de João como expressões de vicariedade são expressamente

vicários, mas nada indica forçosamente que tenham vínculo com conceitos de expiação. João 1.26 trata de

expiação, mas não necessariamente de vicariedade. A idéia do Batista é de que esse cordeiro traria expiação,

mas nem tanto troca de morte por morte, enquanto as frases de vicariedade em geral apontam para demonstração

de amor profundo, conforme as citações referenciadas por Barth (148-149).

A missão básica de Jesus (de acordo com João) é revelar o Pai (BARTH, 150).

"Como o mundo ama as trevas mais do que a luz, a revelação da luz necessariamente leva ao confronto com o mundo

das trevas, ou seja, leva à cruz...é a revelação do amor no sofrimento" (BARTH, 151).

Êxodo 19.5 - aliança rota, cf. 2ª Crônicas 7.14. ver Jer 31/65.

Perdão de pecados - paralítico Mr. 2 e Lc.2 sem vínculo de morte. Perdão em Gênesis 3-4 sem vínculo sacrifical.

Divindade, unidade divina - "O maior mandamento é este: Ouve.. O Senhor teu Deus é um.." cf. Mr. 12.29-30.

Resgate - vínculo com aliança/matrimônio e o preço da noiva em contraste ao preço da traição? (Mr. 14.10-25; Lc.

22.1-22).

Quem não honra o Filho não honra o Pai.

Pão do céu que dá vida.

Comer/beber do sacrifício (João 5).

"Para reunir em um só corpo todos" (João 11) - matrimônio?.

"atrairei todos a mim".

"Amaram mais a glória dos homens/trevas que a de Deus" (João 3/12).

"O mundo me odiou primeiro a mim" (João 12).

Contudo não estou só, pois o Pai comigo -não foi abandonado.

"Que conheçam a Ti" (João 17.3, 24-26).

"A si mesmo se fez Deus" (João / Atos).

"Nenhum de seus ossos" (João).

Aliança (Atos 3).

"Pedro, cheio do Espírito Santo".

Mostra-se com clareza a maldade na acusação de Jesus com testemunhas falsas que não foram mortos conforme

designação da lei.

"Quem é este que até mesmo o mar e os ventos o obedecem" logo o demoníaco gadareno (Mr. 4-5). Assim, Marcos

trata de que Jesus é Senhor até sobre as foças do mal.

"Ninguém vem ao Pai senão por mim" (João 14.6).

"Mostra-nos o Pai" (João 14.9-10).

João 6 "comer e beber"

João 14-16

 

Tratando o texto de Barth referente à forma de argumentação do autor de Hebreus, é bom lembrar que o argumento é

dirigido aos cristãos, não aos judeus incrédulos. É, portanto, uma lembrança ao cristão da centralidade da ação

redentora de Cristo em contraste às obras do sistema legalista judaico e vetero-testamentário. A carta dirige-se,

portanto, a chamar o cristão a fidelidade a Deus mediante a fé em Cristo desvinculadamente às questões de

méritos legais do sistema sacrifical antigo. Não é de se esperar que um judeu da época teria aceito a

argumentação exposta, pois fora elaborada para os próprios cristãos, incluindo pressupostos cristãos que não

necessariamento o judeu teria acolhido (i.é.- Jesus é o Cristo).

Ao tratar a passagem de Hebreus 9.13s, é importante lembrar que a passagem trata do sacrifício para purgar impurezas

ritualísticas, não propriamente de pecado. O tratamento vincula-se também com o sacrifício da promulgação de

aliança conforme sacrifícios tais retratados em Gênesis 15.9-21, Êxodo 24.3-8; Salmo 50.5; Jeremias 31..31-34;

34.17-2010.

O sacrifício de Êxodo 24 refletido na passagem de Hebreus 9.13s era visto como símbolo da ratificação da aliança. O

sangue arrojado sobre o altar indicava a presença de YHWH, enquanto o sangue arrojado sobre o povo,

indicando sua aceitação da proposta (DURHAM, 339 e 343).

Lembra-se que o sacrifício "pelo pecado" (Levítico 15.15,30) não é a melhor tradução do conceito hebraico, sendo

melhor traduzido por "sacrifício de purificação", especialmente em vista de que em certos casos a oferta não tem

vínculo com a questão pecado (HARTLEY, 55-57, 210). Tal não denota necessariamente a expiação de pecado

em si, mas é parte do processo expiatório, como pode-se ver em Levítico 15.15.

Lembra-se que o termo santificar (Hebreus 9.13 e Barth, 155) tem a idéia de separar, o que volta a lembrar em vínculo

com a idéia de purificação ritual a questão da apropriação da aliança sendo promulgada por YHWH. O povo

significa é que sua morte é um evento a nosso favor, geralmente contextualizado à expiação do nosso pecado,

mesmo se o como dessa expiação não seja claro. De forma substancial, sua morte pode ser vinculada ao conceito

participação, mesmo na utilização da frase

participação, o que está vinculado à nossa desvinculação da escravidão do pecado.

Com a colocação de que a fórmula com

mesmo define que em 2ª Coríntios 5.14 o termo é vinculado diretamente com a idéia de participação e logo no

sentido de morrer "em favor de" (BARTH, 118) no versículo 15. Retomando o conceito levantado por Barth de

que a própria frase

explicação que não precisava ser retomada em detalhe pelo fato de ser amplamente reconhecida e facilmente

concebível entre os primeiros cristãos (BARTH, 48). Como o conceito vicariedade foi mais difundida a partir da

época de Anselmo do que anteriormente (BARTH, 43-44), há com probabilidade outra explicação no qual se

baseava a fórmula

Como Paulo retrata em 2ª Coríntios 5.18-19, parece ser que o conceito exposto de expiação tem vínculo com a idéia de

que Cristo fez por nós o que não podíamos fazer por nós mesmos de Romanos 5.6-11. Nesse caso é o próprio

Deus que deveria receber sacrifício que além de aceitá-lo o provê (Gênesis 22.9-14) e ainda mais oferece-se a si

mesmo-oferta duplamente irrejeitável e eterno. Já que todo o pano de fundo sacrifical do Antigo Testamento

dependia sempre da aceitação divina do sacrifício, o que se expressa aqui de forma substancial é de que este

sacrifício não é de aceitação questionável. Igualmente, coloca-se em destaque que YHWH interessa-se em

restaurar o homem em comunhão consigo. Aquele que rejeitar tal demonstração do amor de Deus em efeito

"Deus está tão acima de nós ... que a razão humana não é capaz de conhecê-lo", logo em Cristo Deus toma a iniciativa

de fazer-se conhecido (ÉRICKSON, 286).

É a humanidade de Cristo que o torna à perspectiva humana capaz de realmente compreender o ser humano

(ÉRICKSON, 286).

Jesus estava sujeito às limitações próprias do ser humano, incluindo as limitações intelectuais (ÉRICKSON, 287-289).

"Deus meu, Deus meu..." é uma citação do Salmo 22, logo demonstra angústia, enquanto demonstra confiança na

vitória em Deus.

O nascimento virginal é apenas doutrina secundária ao evangelho (ÉRICKSON, 294).

"Embora Jesus pudesse pecar, era certo que não pecaria", mesmo sendo as tentações reais (ÉRICKSON, 296).

É necessário que a obra redentora na cruz seja de Cristo humano e divino para que seja completa (ÉRICKSON, 300).

Gênesis 1.26 não usa terminologia que definitivamente denota a identidade do sujeito plural, pois apenas elohim

(

verbo no plural geralmente infere "os deuses", é provavelmente a esta agrupação de seres que os verbos seguintes

sugerem. Tal era a interpretação judaica desde a época de Philo, e é compatível com os conceitos hebraicos de

monoteismo. Logo o "façamos" e "nossa" provavelmente referem-se não a um conceito de pluralidade divina

(WENHAM, 27-28), mas à "corte celestial" que de alguma forma encontra-se incluida na obra da criação, mesmo

se apenas no papel de espectador. Basicamente o mesmo diria-se referente a Gênesis 3.22 e 11.7.

Não há indício na Bíblia de que as duas naturezas de Jesus se revezavam (ÉRICKSON, 301).

A kenose de Cristo pode ser explicado/compreendido em termos da adoção da forma de servo em termos de posição,

não em que se houvesse passado de ser Deus (ÉRICKSON, 305). Fundamentalmente é de interesse notar que a

ênfase da passagem de Filipenses 2 recai sobre a aceitação da posição servil em contraste aos privilégios divinos.

Em Jesus vemos o ideal do que é ser realmente humano (ÉRICKSON, 307).

Viam o homem escravizado pelo pecado tal que somente pela graça de Deus havia salvação (GEORGE, 307-308).

Preferiríamos um Deus que pudéssemos entender em relação à atuação de Sua soberania (GEORGE, 308).

Não temos um Deus que possamos explicar, manipular, ou domesticar (GEORGE, 309).

Jesus Cristo é a concretização final da decisão divina de resgatar-nos (GEORGE, 311).

 

Os discípulos não estavam preparados para a morte de Jesus, tal que motivou uma grande crise de fé nos mesmos

(BARTH, 15-16).

Não sabemos como Jesus interpretou a importância de sua morte (BARTH, 20).

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A ressurreição veio a ser o eixo central da confissão de Jesus como o Cristo, sua morte sendo matéria secundária para

certas correntes teológicas primitivas (BARTH, 24-28). Qualquer explicação própria para compreender a morte

de Jesus deve incluir compreensão da centralidade da ressurreição de Jesus como salvífico.

Explicação qdequada da morte de Jesus é mais do que simplesmente sofrimento do Justo (BARTH, 36-38).

Havia uma convicção difundida de que todo profeta real havia sido morto pelo povo (BARTH, 40).

O NT declara que a morte de Jesus teve o resultado de expiação, mas não explica o como, mesmo que vincula

conjuntamente ao conceito de expiação os conceitos de entrega e auto-entrega (BARTH, 42-53).

BARTH reivindica (30) que a morte de Jesus sendo expiatório necessariamente implica em vicariedade, porém ele não

sustenta a afirmação, mesmo quando coloca os sacrifícios veterotestamentários como oferecendo um desvínculo

com o conceito de vicariedade.

 

OBS

de origem conceitual, ou a data de sua formulação. Muitas vezes ele até "entrega a toalha" cedo demais,

geralmente para não se incumbir demais em detalhes e discussões que atrapalham a direção proposta para a obra

à mão. Dentro dos círculos de erudição no qual trabalha, é até boa tática, mesmo que nem sempre as críticas

cedidas tenham a razão. O defeito é coerente com a forma de tratar o assunto, não chegando a ser razão para

ignorar o seu posicionamento. Para ele tratar a fundo cada texto indicado como sendo sob "suspeita", teria que

escrever o equivalente a um artigo sobre cada referência para utilizá-la como base de argumentação sustentável.

Quando Barth referencia as colocações de Breytenbach em termos de uma limitação de versículos tratando a morte de

Jesus em termos expiatórios ele mistura interpretações da morte de Jesus (BARTH, 54-55). 1a Pedro 1.2

referencia uma compreensão de Jesus como sacrifício de aliança, não de expiação. É correto que o versículo

aponta para o conceito de Êxodo 24.8, porém a compreensão não é tanto de expiação, como é do estabelecimento

de uma aliança entre Deus e o ser humano. De forma semelhante, João 18.28 e 19.14-36 retratam a morte de

Jesus como sacrifício pascal, não expiatório. Deve-se lembrar que o sacrifício pascal retomava a redenção dos

primogênitos, não a expiação de pecado. Na celebração anual da páscoa, já não é mais um sacrifício de

redenção, mas de ratificação ou aplicação pessoal da redenção do povo. Assim também 1a Pedro 1.19 também é

referência a redenção, não expiação. Barth parece compreender todo sacrifício como designação e função

expiatório, quando a Bíblia não vê apenas um conceito de expiação atrás dos sacrifícios efetivados.

Há um vínculo estreito no Evangelho de João entre a morte de Jesus e a do cordeiro pascal (BARTH, 55).

O conceito da morte de Jesus como sacrifício parece ser desenvolvimento teológico mais tardia do que a fórmula de

entrega (BARTH, 56).

Leia-se Barth 43-60 no contexto de 62-63, referente ao sentido veterotestamentário dos sacrifícios. Ele demonstra que a

idéia de vicariedade expiatória não procede do texto do Antigo Testamento, nem da compreensão judaica nos dias

de Jesus. Logo é necessário retomar o estudo das passagens do Novo Testamento e pesar o conceito vicariedade

para ver se realmente a questão expiatória (Cristo morreu a causa de/por/pelo pecado) realmente indica morte

vicária (substitucional) ou refere-se ao sentido de expiação por meio de oferta, intercessão, apaziguamento,

aproximação, reparação, redenção, ato de obediência, reflexão, ou outro sentido ligado ao cordeiro pascal. Se a

base doutrinária dos discípulos é o AT e aquilo que Jesus ampliou/modificou, deve ser que a compreensão de sua

morte na mente dos discípulos está mais ligada aos conceito veterotestamentárias do que as interpretações

sobrepostas ao texto bíblico nos consequentes séculos do cristianismo.

"Isaías 53 é o único texto do Antigo Testamento que trata de uma morte (vicária) pelos pecados das pessoas" (BARTH,

65). Ainda assim, Isaías 53 traça a questão de morte vicária não em termos de apaziguar ira, mas de trazer

reconciliação em meio ao reconhecimento de males cometidos entre os ofensores e Deus (WATTS, 233). Assim,

mesmo quando o conceito de morte vicária é apresentado em Isaías 53, não vem a ser igual ao conceito

helenístico de morte vicária. Como Barth continua comentando, Isaías 53 não parece ser a fonte base de

expressão do conceito de morte vicária no cristianismo (BARTH, 65).

Romanos 8.28 lançaria o conceito de que a tese "ação-decorrência" descrita por Barth (71), seria circumvertido por

YHWH referente ao seu povo, já que modifica os resultados circumstanciais para o bem daqueles que o

amam/servem. De qualquer forma, tal pricípio não atuaria acima de YHWH, mas a seu serviço conforme Schmid

(BARTH, 72).

YHWH oferece expiação, daí sua graça ao pecador (BARTH, 73).

A questão "ação-decorrência" aparentemente se confunde com o conceito de teologia da prosperidade, em contra do

qual o livro de Jó traça polêmica e o qual Jesus descarta destrarte. Não quer dizer que todo aspecto da questão

"ação-decorrência" é descartada, mas pelo menos o conceito é amenizado em consideração de seu caráter

popular em contraposição a reflexões teológicas mais sérias no mesmo cerne hebraico. Como Barth coloca (73-

74), ela é dada um caráter de expectativa apocalíptica, ou em outros termos, escatológica, onde sua esperança de

retribuição pode ser reivindicada.

O conceito de pecado no Antigo Testamento é de "falta contra a realidade", ou seja, contra a ordem do universo criado

por YHWH (BARTH, 75). Tal conceito é consoante entre os povos ao redor do povo de Israel na época do NT,

como pode ser visto em Atos, quando do tumulto referente a Diana dos Efésios. Algo deste conceito, ao menos em

relação aos efeitos a longo prazo do pecado na própria sociedade, deve ser resgatado nos dias atuais.

A questão vicariedade não dá impulso a fundamentar uma nova vida em Cristo, a não ser indiretamente, porém Paulo

testifica de que é a morte e ressurreição de Cristo que efetuam a nova vida, logo sua compreensão vai além de

morte expiatória vicária (BARTH, 76).

STBRS - Cristologia e Soteriologia Pr. Chrístopher B. Harbin

Doc: Cristologia e Soteriologia.doc Impresso: 2002-08-14 página 7 de 20

Expiação refere-se à eliminação do pecado, enquanto vicariedade refere-se à morte de um em lugar de outro. Os dois

são comumente tratados como sendo um só conceito (expiação vicária), porém permanecem sendo dois conceitos

distintos que podem ser unidos em certas circumstâncias. O Antigo Testamento trata de expiação, porém só em

Isaías 53 trata a questão de vicariedade. Segundo o meu parecer não há uma distinção suficiente feita entre os

dois termos no tratamento dos conceitos, pois como Barth os trata, em toda ocasião que o texto indica expiação,

ele retoma como vicariedade-mesmo quando afirma que o Antigo Testamento desconhece o conceito de

sacrifício de morte vicária. A forma funcional básica do sacrifício visava a aproximação do homem para com

YHWH, possivelmente no sentido de mediar audiência. Em Isaías 6.7, YHWH concede audiência direta

aparentemente sem preocupar-se com a questão de culpa e pecado, mas quando o profeta levanta a questão de

sua culpabilidade, uma mera brasa pôde expiar sua impureza!

O tratamento do pano de fundo do Antigo Testamento oferece no mínimo a opção de um desvínculo entre expiação e

vicariedade. Perde-se uma compreensão direta de expiação não-vicária pelo surgimento do conceito de

vicariedade. Barth não toma o tempo para procurar uma explicação concebível de expiação vinculada a morte

sem que seja morte vicária. Parece ser uma falha completa, pois havia morte em sacrifícios através do Antigo

Testamento, nenhuma das quais era compreendida em sentido de vicariedade. Já expiação no Antigo

Testamento também pode ser desvinculado de morte, para o qual uma compreensão de expiação sendo vicária é

simplesmente inaceitável.

Pelo vínculo de expiação com os objetos cúlticos do templo/tabernáculo, entende-se que expiação tinha a ver com a

restauração de comunhão com Deus. O sangue do animal roseado sobre o altar e a arca da aliança (a tampa

da qual era representativo do trono de YHWH, ou sendo o seu trono na terra) e sobre o ofertante simbolizava

tal aproximação, já que a vida derramada voltava a YHWH e o ofertante haveria colocado suas mãos sobre o

animal, seria tambem levado perante YHWH, restaurando a presença de YHWH no templo e na sua vida-caso

YHWH aceitasse a oferta! Como o sacrifício era visto como dependendo da aceitação de YHWH, não é

propriamente a morte ou mesmo o sacrifício que efetua expiação, mas o próprio YHWH, o que leva o evento

sacrifical a ser visto mais como um ato de obediência e reflexão do que um ato salvífico em si.

Quando Jesus Cristo morre na cruz, sofrendo a morte na tradição do sofrimento dos justos e da

morte dos profetas (Mateus 23.29-31), é YHWH mesmo ofertando a sua própria vida a Si

mesmo como sacrifício pelo povo para expiação e em resgate para restaurar a humanidade

à comunhão quebrantada a causa do pecado humano, motivado pelo amor de YHWH pelo

homem desgarrado. Vicário mesmo é Filipenses 2, quando YHWH cria carne (conforme

também João 1.14) e demonstra como deveria ser a nossa vida como "servos humanos",

sendo "obediente até a morte, e morte de cruz". Vicário não é tanto a morte de Jesus,

como a sua própria vida, da qual nos é dado participar, sendo Jesus também o modelo para

seguir-mos (Rom 6.1-11, Gal 2.20). matrimônio, Atos 2 crucificar, ser crucificado, nova

aliança ... .

"Na expiação vicária, trata-se da eliminação do pecado humano diante de Deus, no resgate trata-se da libertação da

pessoa da escravidão dos poderes" [mundo, impiedade, lei com sua maldição, poderes deste eón, pecado e morte]

(BARTH, 78).

O evento do êxodo do Egito pode ser caracterizado como resgate, e deveria fazer parte do pensamento do cristão

judaico ao refletir sobre resgate de escravidão (BARTH, 80). TASKER (156) coloca resgate em Mateus 20.28

como demarcando o conceito de morte vicária, porém, o contexto da passagem é de transposição social e

libertação dos humildes ou negligenciados perante a sociedade. O conceito lançado por Jesus (contrariando

HAGNER, 582-583) é de que a sua morte inauguraria um novo parâmetro perante o qual o que é nada passa a ter

importância. A redenção efetivada por Jesus oferece novas estruturas para a sociedade sob o reinar divino.

Os libertos da escravidão pertencem ao libertador (BARTH, 81).

Resta a pergunta, o preço foi pago a quem? (BARTH, 81). Mais válido seria o conceito do resgate do Egito, onde foi

por força e intervenção divina o resgate, sem qualquer pagamento, pois YHWH não deve tributo a ninguém-

"Deixa meu povo ir". O resgate vem, mas não há nenhum pagamento efetuado. Os textos neotestamentários,

porém falam também de um preço que foi pago-a morte de Jesus. Seria cogitável concluir que foi preço em

sentido de que a libertação foi de alto custo para Deus, em lugar de preço no sentido de qualquer recebimento de

pagamento, mas tal difere do tratamento normativo do conceito.

 

No texto de Romanos 6.1-11, há uma participação na morte de Cristo, o que contradiz a idéia de vicariedade (BARTH,

82).

Vincula-se o morrer com Cristo e o ressucitar com Cristo (BARTH, 82).

No conceito vicariedade/expiação, é a morte de Cristo que importa, enquanto a ressurreição também faz parte do evento

salvífico à vista dos primeiros cristãos (BARTH, 83).

O conceito participação indica que a morte de Jesus não foi vicária, mas que fomos incluídos em sua morte (BARTH,

83).

O conceito participação já era difundida entre os cristãos na época de Paulo (BARTH, 86).

O conceito de participação na morte/ressurreição de Jesus é colocado ao lado de outras interpretações no Novo

Testamento (BARTH, 91).

STBRS - Cristologia e Soteriologia Pr. Chrístopher B. Harbin

Doc: Cristologia e Soteriologia.doc Impresso: 2002-08-14 página 8 de 20

Nas páginas 92-93 em especial, Barth utiliza de fontes extra bíblicas para demonstrar de forma mais clara certas

correntes teológicas populares do dia, assim mostrando que as idéias que ele trata eram divulgadas/conhecidas

entre o povo.

Em resposta às colocações de Barth em 101, destaca-se o seguinte: É possível sustentar uma interpretação de 1ª Pedro

3.19 como sendo uma referência àqueles que estão mortos em seu pecado, segundo as palavras de Jesus (João

5.24-25; Efésios 2.1,5 e Colossenses 2.13), sem vínculo necessário ao conceito de a uma pregação aos

aprisionados no inferno, enquanto 1ª Pedro 4.6 refere-se ao feito de que o evangelho fora pregado àqueles que já

morreram em suas próprias épocas, como nos dias de Noé. Atos 2.24, 27 não necessariamente significa que Jesus

visitou o inferno, mas que derrotou ou invalidou o seu domínio. Lembra-se que o conceito Seol por detrás do

texto refere-se ao lugar dos mortos, o que não equivale a inferno, mas a morte. Mt 12.40 pode tão facilmente

referir-se a simplesmente o túmulo no qual Jesus fora colocado. Lembra-se também o fato de que para o judeu o

"espírito" não saia definitivamente do homem até completar o terceiro dia (BEASLEY-MURRAY, 189-190)9, logo

não haveria qualquer necessidade de postular aqui o conceito da ida de Jesus ao Seol entre sua morte e

ressurreição, pois não há nenhuma lacuna de tempo para ser devidamente "preenchido". O teor de Romanos

10.7 quase invalida a sua inclusão como prova do suposto descenso de Cristo, pois profere perguntas tolas para

encaminhar o ponto designado. Parece ser que este conceito do descenso veio à frente como resultado de

imposição de conceitos populares entre os povos vizinhos dos cristãos, conforme descrito em Barth, 102.

Nota-se que a idéia de descenso ao inferno não é um tema comum ao Antigo Testamento, vendo-se apenas em dois

versículos isolados (1ª Samuel 2.6 e Isaías 25.8), mesmo que era comum entre os povos ao redor de Israel

(BARTH, 102). 1ª Samuel 2.6 não necessariamente trata de descenso e subida do Seol, como trata de que YHWH

é Senhor sobre a morte e também da vida. Destaca-se que o conceito hebraico da morte era mais fluida do que o

conceito vigente na atualidade, sendo que estando muito enfermo poderia ser descrito como morto, pela simples

questão de uma falta de esperança de viver (veja NELSON, 13). Isaías 25.8 em nada refere-se a um descenso ao

Seol, mas da destruição do domínio da morte.

 

Como Romanos 5.8 testifica, a morte de Jesus demonstra o amor de Deus pelo pecador(BARTH, 103-104).

O conceito de demonstração de amor está vinculada claramente com expiação (BARTH, 104), porém ainda discorda-se

de Barth de que expiação necessariamente é vicária.

O amor de Deus revelado na encarnação e supremamente na cruz, revela o caráter de Deus em querer salvar o homem.

Essa tal compreensão é indispensável à salvação (Heb. 11.6), pois salvação é condicionada a priori na disposição

de YHWH em salvar o homem. A crucificação é a prova suma da disposição desse amor.

É necessário manter em mente o aspecto da morte de Jesus como exemplar e modelo, mesmo que tal não explique a

razão da morte de Jesus (BARTH, 110).

Os primeiros cristão deram várias explicações pela morte de Jesus, não uma única razão (BARTH, 111).

Para Paulo, parece que os vários elementos explicativos da morte de Jesus são complementares, nenhuma sendo de

importância exclusiva (BARTH, 113).

Em Romanos 8, Paulo trata de pecado em sentido de poder personificado que mantém cativo o indivíduo, declarando

que este mesmo poder é condenado e destituído de atuação (BARTH, 116).

Mesmo que Barth indica que o conceito de participação é de certa forma contrária ao conceito de vicariedade, não é

necessário entend

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A Cristologia é o estudo sobre Cristo; é uma parte da teologia cristã que estuda e define a natureza de Jesus, a doutrina da pessoa e da obra de Jesus Cristo, com uma particular atenção à relação com Deus, às origens, ao modo de vida de Jesus de Nazaré, visto que estas origens e o papel dentro da doutrina de salvação tem sido objeto de estudo e discussão desde os primórdios do Cristianismo.

Índice

[esconder]

[editar] Eixo central da Cristologia

A Cristologia tem sido debatida incansavelmente durante séculos, em várias nações, dentro de várias correntes cristãs, com pontos de vista semelhantes, divergentes e mesmo com algumas controvérsias. Alguns aspectos deste assunto muito debatidos no eixo central da cristologia no decurso da história do cristianismo são:

  • a natureza divino-humana de Jesus (União Hipostática);
  • a encarnação;
  • a revelação de Deus;
  • os milagres;
  • os ensinamentos;
  • a morte expiatória;
  • a ressurreição;
  • a ascensão;
  • a intercessão em nosso favor;
  • a parousia;
  • o ofício de Juiz;
  • a posição como Cabeça de todas as coisas; e
  • a centralidade dentro do mistério da vontade de Deus, dentro da restauração.
  • a volta ao mundo para reinar sobre aqueles que creêm nele.

Talvez a disputa mais antiga dentro do cristianismo centrou-se sobre se Jesus era Deus. Um número de cristãos primitivos acreditavam que Jesus não era divino, mas fora simplesmente o Messias humano prometido no Antigo Testamento. A inclusão das genealogias de Jesus Cristo em São Mateus 1,1-17 e São Lucas 3,23-38 são explicadas às vezes por esta opinião. Uma explanação alternativa é que eram uma oposição às doutrinas dos Cristãos Gnósticos que afirmavam que Jesus Cristo teve somente a ilusão de um corpo humano e, assim, nenhuma ancestralidade humana. A opinião de que Jesus era somente humano foi oposta por líderes da igreja tais como São Paulo, e veio eventualmente a serem aceitas somente por seitas como a dos Ebionitas e (de acordo com São Jerônimo) dos Nazarenos, mas logo subjugadas pelas igrejas ortodoxas de uma forma ou outra.

[editar] A Natureza de Cristo

A natureza de Jesus Cristo, é uma questão da busca por determinar se Cristo era um homem com a tendência para pecar igual à de Adão antes do pecado (pré-lapsarianismo) ou uma tendência ao pecado, igual à de Adão depois do pecado (pós-lapsarianismo), ambas diretamente relacionadas com o Plano da Salvação, visto que o ministério de Cristo, se caracterizava pelo exemplo na superação do pecado, mostrando que era possível o homem viver sem pecar.

Entre as principais escolas que buscaram determinar a natureza de Cristo temos:

  • Arianismo, que crê que Jesus, apesar de um ser superior, seja inferior ao Pai sendo uma criatura sua;
  • Docetismo, defende que Jesus era um mensageiro dos céus e que seu corpo era "carnal" apenas na aparência e sua crucificação teria sido uma ilusão;
  • Ebionismo, que crê em Jesus como um profeta, nascido de Maria e José, que teria se tornado Cristo no ato do batismo;
  • Monofisismo, segundo a qual Cristo teria uma única natureza composta da união de elementos divinos e elementos humanos.
  • Nestorianismo, segundo a qual Jesus Cristo é, na verdade, duas entidades vivendo no mesmo corpo: uma humana (Jesus) e uma divina (Cristo).
  • Miafisismo, que defende que em Jesus Cristo há a natureza humana e a natureza divina, mas que estas duas naturezas se unem natural e completamente para formar uma única e unificada Natureza de Cristo.
  • Sabelianismo, o qual defendia que Jesus e Deus não eram pessoas distintas, mas sim "aspectos" ou "modos" diferentes do trato da Divindade com a humanidade ;

Mosaico retratando o Cristo Pantocrator, na Igreja de Daphne, Atenas, Grécia. A imagem foi terminada entre os anos de 1090 e 1100.

[editar] Cristologia Ortodoxa

A Cristologia ortodoxa, defendida pelas Igrejas Católica, Ortodoxas e Protestantes, tem por base o Concílio de Calcedônia (em 451 d.C.), o qual estabelece as bases desta corrente, na qual o Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem (união hipostática) e se apresenta em duas naturezas sem distinção, indivisíveis e inseparáveis, de tal forma que as propriedades de cada uma permanecem ainda mais firmes quando unidas numa só pessoa. Para os defensores desta cristologia, o termo "Filho de Deus" aplicado a Jesus deve ser interpretado com a natureza de Deus, gerado já desde o início de tudo e, portanto co-eterno.

[editar] Cristologia Monofisita

Discordando da Cristologia Ortodoxa, os monofisitas afastaram-se para compor as Igrejas dissidentes da Síria, da Armênia, do Egito, da Etiópia e da Índia do Sul. Para eles a natureza divina em Jesus era muito mais forte e preponderante daquela natureza humana.

Mas, estas mesmas Igrejas dissidentes rejeitam o rótulo de monofisita, porque elas afirmam que defendem na verdade o miafisismo, que é a crença de que em Jesus há a natureza humana e a natureza divina, mas que estas duas naturezas se unem para formar uma única e unificada Natureza de Cristo. Estas Igrejas afirmam que o miafisismo é diferente do monofisismo, mas esta doutrina cristológica igualmente se diverge da doutrina ortodoxa da união hipostática.

[editar] Cristologia Ariana

O arianismo, que recebeu este nome por ser derivado da doutrina de Ário, apresenta uma distinção clara entre o Cristo e o Logos como razão divina. O Cristo é apresentado como uma criatura pré-temporal, super-humana, a primeira das criaturas, não Deus, porém mais que homem. "Ologos é a propria razão divina a qual Deus pai adimitil sai de si mesmo sem adminuição do seu próprio ser.(Justino martir)

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